Armas de pressão são réplicas idênticas das originais, diz polícia (Foto: Polícia Civil/Divulgação) |
O que era para ser uma brincadeira quase se transformou em tragédia no município de Teutônia, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Na última quarta-feira (24), três adolescentes forjaram um assalto fictício com a intenção de assustar o professor de artes marciais do grupo, mas um deles acabou baleado por um policial da Brigada Militar. O incidente está sendo investigado.
O jovem de 16 anos foi atingido por um estilhaço de um disparo de calibre 12 na região do quadril. Ele foi levado para o Hospital Ouro Branco, onde passou por uma cirurgia para a retirada do projétil. Segundo a instituição, ele permanece internado em estado estável e está fora de perigo.
De acordo com o coronel Antônio Scussel, responsável pelo Comando Regional do Policiamento Ostensivo (CRPO) do Vale do Taquari, o incidente ocorreu por volta das 21h. Os adolescentes participavam de um churrasco na casa dos pais de um deles quando telefonaram para o professor de capoeira perguntando se ele compareceria à confraternização. Com a resposta positiva, se prepararam para pregar a peça.
Vestindo capuzes e portando armas de brinquedo, os jovens teriam se posicionado ao redor da casa para surpreender o professor. Uma pessoa que passava pela rua viu a movimentação e acionou a polícia pelo telefone 190. Um carro com dois policiais foi enviado para o local e chegou no momento em que os jovens abordavam o professor, diz o coronel.
“Os policias se identificaram e fizeram dois disparos de advertência, um para o chão e outro para o alto. Houve gritos, e os jovens saíram correndo. Um deles se voltou para os policiais, com a arma na mão. Então um PM disparou um tiro contra esse jovem. Só depois os policias viram que as armas eram falsas e tudo não passava de uma brincadeira, de muito mau gosto, por sinal”, relata o coronel Scussel.
Segundo o comandante do CRPO, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto para apurar as circunstâncias do caso. Na avaliação preliminar da Brigada Militar, a conduta dos policiais e as técnicas utilizadas na abordagem foram adequadas. O coronel Scussel diz ainda que o ambiente era escuro e que as armas utilizadas pelos jovens – duas pistolas e um revólver calibre 38 – eram réplicas quase idênticas das verdadeiras.
“Foi uma grande irresponsabilidade, inclusive dos pais que consentiram com essa brincadeira. O bairro Canabarro, onde essa fato inusitado ocorreu, tem o maior índice de criminalidade de todos os municípios do Vale do Taquari. A Brigada Militar se prepara de maneira séria para coibir essa criminalidade. Então, é óbvio que os policiais acharam que era uma ocorrência real”, destaca o coronel.
A Polícia Civil também vai investigar o caso. De acordo com o delegado Mauro José Barcellos Mallmann, titular da 1ª Delegacia de Teutônia, um dos adolescentes que participaram da pegadinha já prestou depoimento e outras pessoas que estavam no churrasco serão ouvidas no próximos dias. A gravação da ligação telefônica ao 190 informando a ocorrência também já está em poder da polícia.
“Vamos examinar todos os elementos do fato antes de tirarmos qualquer conclusão. Quero salientar para que essa situação sirva de alerta e que as pessoas não façam esse tipo de brincadeira. Nunca se sabe qual será a reação da vítima, de terceiros e também da polícia. Por pouco esse caso não terminou em tragédia”, acrescenta o delegado.