Seis meses após a tragédia, Santa Maria luta para não cair no esquecimento (Foto: Luiza Carneiro/ G1) |
Seis meses depois do incêndio que matou 242 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria, a cidade da Região Central do Rio Grande do Sul ainda luta para se recuperar da perda. O sábado (27) será marcado por atos, homenagens e celebrações religiosas para lembrar a memória das vítimas. Além das atividades, o grupo que reúne sobreviventes e familiares de vítimas quer fazer um balanço do que mudou depois da tragédia.
“Cada dia 27 é uma expectativa de mudança. Se não fizéssemos os atos, já teria caído no esquecimento”, afirma ao G1 Adherbal Ferreira, presidente da Associação das Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e pai de Jennefer, que morreu com 22 anos.
A programação começa na manhã de sábado, a partir das 11h, quando 242 pessoas ligadas às vítimas estarão reunidas no Calçadão Salvador Isaía, na área Central da cidade, para doar roupas das pessoas que morreram no incêndio na casa noturna.
"É mais um ato simbólico para marcar os seis meses da tragédia. Aproveitamos para fazer as doações. O ato também servirá como protesto pela impunidade em Santa Maria", afirma Adherbal, que contesta a liberdade dos réus do processo criminal.
Durante a noite, além da concentração na Praça Saldanha Marinho, o grupo formará uma procissão, com buzinaço previsto para as 18h45 e celebração ecumênica na Catedral logo em seguida.
Ao longo de seis meses, além de trabalhar o luto, pais se reuniram para avaliar a tragédia e pedir soluções. A associação foi criada uma semana após a tragédia, embora tenha sido oficializada apenas no dia 14 de março. “Nos empenhamos muito, mas em um grupo pequeno. Durante esse tempo, houve algumas discussões, desentendimentos, somos um povo heterogêneo”, avalia Adherbal.