O futuro do rádio está no conteúdo |
Luiz Ferraretto abordou os cenários para o rádio no século XXI e destacou a importância de pensar novos formatos de conteúdo para o meio, durante o Congresso da AGERT que acontece em Gramado
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"O mercado tem sabido formatar conteúdo ou vai apenas pouco além da segmentação?". Esse foi um dos questionamentos mais marcantes apresentados pelo jornalista Luiz Artur Ferraretto durante palestra na tarde desta segunda-feira, 14/10, no 22º Congresso da Agert. Ferraretto é doutor em Comunicação e professor da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e falou sobre cenários para o rádio no século XXI.
Para Ferraretto, as redes sociais agregam, mas não capazes de solucionar problemas como a geração de conteúdo atraente aos ouvintes. "É preciso pensar conteúdo, pois só assim podemos pensar o futuro do rádio", defende. Ele exemplificou que durante os protestos de junho, não foi a TV ou as redes que transmitiram informações em tempo real de maneira mais eficiente. Para o jornalista, o rádio é o meio que faz contato direto: "o rádio fala e as redes potencializam".
Sobre a evolução dos meios de comunicação e o posicionamento do rádio frente a esse movimento, o pesquisador comentou que ao longo do tempo se percebeu que não é preciso temer as mudanças tecnológicas. "O rádio se mimetizou melhor com o celular e a internet do que com a TV, que causava tanto medo até um tempo atrás". Dados do IBGE revelam que 36% das pessoas que acessam a internet em casa, usam a rede para ouvir rádio online. "Por isso precisamos considerar a audiência radiofônica de uma forma mais global, pois a antiga divisão AM/FM agora se multiplicou para inúmeros aplicativos e webradios", explicou.
"Hoje se fala muito em popularização do computador pessoal e dos smatphones, mas não podemos esquecer que o rádio está lá também. O rádio é o meio ideal para receber informação em paralelo ao uso do computador e da internet", destacou. Ele também abordou a dificuldade de popularização da webradio.
Conforme Ferraretto o formato ainda não deslanchou porque não se sabe exatamente como vender o espaço publicitário, qual é o alcance e a audiência nem tampouco o público que alcança.
A respeito da interação dos ouvintes por meio das redes sociais o palestrante afirma que essas ferramentas servem para que o público possa opinar e interagir, mas não informar. "Na hora da tragédia, por exemplo, o ouvinte não quer participar, quer apenas ser bem informado", destacou. Ainda sobre o tema Ferraretto falou sobre a atuação do repórter de rádio, que hoje é também um comunicador, tal qual o que apresenta os programas no estúdio, pois ao cobrir um fato e postar nas redes, está falando diretamente ao ouvinte que é seu seguidor.
Dirigindo-se diretamente ao público presente, na maioria radiodifusores, ele provocou: "Se vocês perguntarem aos seus funcionários qual é a cara da sua rádio as respostas serão convergentes ou divergentes?". Para Ferraretto, o desenvolvimento de uma identidade clara facilita a aproximação com a comunidade. Ele ainda sugeriu uma alternativa para as rádios do Interior, que pode se tornar uma estratégia para manter a fidelidade do público. "Focar nos fatos que afetam diretamente os ouvintes, se tornar o portal de notícias da cidade ou da região e não necessariamente querer abraçar o mundo", reforçou.