25 outubro 2013

Quadrilha pretendia usar métodos de tortura com parentes para obrigar gerente a liberar acesso a banco

Foto: Cid Martins / Agencia RBS
Tortura física e psicológica seria o principal artifício do bando liderado de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) por Lauri Sávio Cunha, 31 anos, para ter acesso ao cofre de um banco no centro de São Leopoldo, no Vale do Sinos. A quadrilha sequestraria o gerente da agência, sua mulher e os sogros com informações privilegiadas repassadas pelo "compadre" do bancário, informou a Polícia Civil, que conseguiu desarticular o esquema na Operação Comparsa.

Lauri planejou toda a ação por meio de um contato com outro homicida que encontrou na Pasc, Jolair Siqueira, 32 anos, cunhado do amigo do gerente. Três homens com extensa ficha criminal, mas em liberdade, foram contatados para executar o plano. No entanto, a tentativa deu errado, o bando foi descoberto e preso.

— Temos muitas escutas que provam que eles iriam torturar os sogros e, possivelmente, estuprar a mulher do gerente para que ele indicasse como chegar ao dinheiro do banco. Além de tudo isso, pretendiam "limpar" a casa (do bancário). Ele tinha se mudado 10 dias antes para o bairro Lomba Grande — reforça o titular da 2ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo e responsável pela operação, Adriano Nonnenmacher.

A polícia apurou também que Lauri entrou em contato telefônico com o "compadre" para combinar o dia do crime. Em 16 de setembro, o amigo do gerente chegou a conduzir os pistoleiros à casa dos sogros para o sequestro. A ação foi acompanhada praticamente em tempo real por Lauri, com um telefone celular, dentro da Pasc.

Lauri Sávio Cunha (Foto: Reprodução)
Nas escutas policiais, ele demonstra ser um homem violento, intimidando os comparsas e planejando sessões cruéis de tortura. Ao saber do fracasso da invasão aos sogros do gerente, os pistoleiros perguntam:

— E agora?

Ao que Lauri responde:

— E agora... vocês me arrumaram um problemão.

O criminosos foi denunciado por ser um dos principais líderes do grupo de extermínio de Canoas que teria assassinado pelo menos 150 pessoas e acabou desmantelado durante a Operação Cova Rasa, em 2009.

Cumpria pena no Presídio Federal de Mato Grosso e havia sido transferido para a Pasc há cerca de um ano. No banco de dados da polícia, há 19 registros de homicídios nos quais ele estaria envolvido. No entanto, a polícia acredita que o número passe de 50.

— É difícil entender que uma quadrilha de extrema periculosidade consiga se organizar dentro de um presídio — resume o delegado.

Os seis envolvidos no crime estão sendo confrontados nesta sexta-feira para interrogatório, acareação e reconhecimento, segundo Nonnenmacher. Eles serão enquadrados nos crimes de tentativa de extorsão mediante sequestro e formação de quadrilha.