03 novembro 2009

Acadêmicos da SETREM criam equipamento inovador para envase de melado

O produto será patenteado em breve pela instituição de ensino, estudantes autores e a Jardinox, que executou o projeto a partir de um protótipo.
No mercado brasileiro existem inúmeros equipamentos que realizam envase de produtos oriundos da cana-de-açúcar, exceto para o melado. Com textura viscosa exige manejo diferenciado, solução até então não encontrada por pesquisadores.
O envasilhamento, última etapa do processo de produção, é feito por produtores de forma artesanal, na maioria das vezes com uma colher, tornando-se um procedimento bastante lento. Sabe bem disso Valmir Schuh, 34 anos, sócio-proprietário da Agroindústria Santo Antônio, de São José do Inhacorá. Foi ele quem solicitou aos estudantes da SETREM a criação de um equipamento que facilitasse este trabalho.
Para produzir o Melado Seis Amigos, todos os dias Valmir acorda às 6h30min da manhã. Inicia o trabalho no engenho com a matéria-prima deixada na tarde anterior, pelo sócio Ivaldo Rohr. Diariamente tritura aproximadamente uma tonelada de cana-de-açúcar e produz cerca de 100 quilos de melado. “A cana permanece cinco horas no fogo e uma hora e meia no batedor. Quando pronta, levamos quase duas horas para colocar o produto nas embalagens e fazer a pesagem”, revela.
E a tarefa do empresário não termina por aqui. Precisa ainda encaminhar a produção à comercialização feita no município, em Três de Maio e Independência. “Se pudéssemos economizar tempo seria muito importante.”
Por acompanhar o cotidiano de produtores rurais de São José do Inhacorá, Adelar José Naressi, funcionário da Emater e acadêmico do Curso de Engenharia de Produção Agroindustrial da SETREM, trouxe a questão para dentro da sala de aula e iniciou o projeto na disciplina de Automação. A idéia entusiasmou a colega Tânia Regina Seiboth, que paralelamente dentro do Programa de Incentivo a Pesquisa SETREM (PIPS), também realizou estudos.
A dupla orientada por professores dedicou-se cerca de um ano ao projeto. Para Adelar, que estava no último semestre do curso, a pesquisa resultou ainda em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Sua colação de grau ocorreu no mês passado.
Mas foi com os recursos do PIPS e da Jardinox que o produto saiu do papel e ganhou formato comercial. “O trabalho realizado em duas horas por Valmir, pode ser feito em apenas 10 minutos com a envasadora, além de deixar este processo mais higiênico”, destaca Adelar.
O equipamento tem automação eletropneumática, ou seja, na falta de luz, continua a trabalhar por meio da pressão de ar, acionado com o pé. Tânia destaca que a envasadora foi criada como foco no melado, mas também pode ser utilizada para outros produtos, (derivados de leite e geléias) até com maior eficiência. “O equipamento deve ser patenteado em breve numa parceria entre instituição de ensino, os autores e a Jardinox”, diz Tânia.
Para José Inácio Stürmer, proprietário da Jardinox, empresa que atua há 20 anos no mercado e investe na produção de tanques rodoviários, o momento é de buscar novos projetos. “É importante incentivar a pesquisa. Além de criar equipamentos que facilitam a vida do empresário, aumentando a produção e diminuindo custos, contribuímos para o desenvolvimento regional em razão da disseminação de tecnologia.”
Agroindústria: fonte de renda para o pequeno produtor
A agroindústria é um dos principais segmentos da economia brasileira, pois garante o desenvolvimento sustentável do meio rural, oportunizando principalmente ao pequeno produtor, alternativa de sobrevivência e subsistência ao agregar valor aos produtos.
Segundo dados da Emater/RS Ascar de Santa Rosa, 70% das propriedades rurais da região Fronteira Noroeste possuem área inferior a 20 hectares, fator que exige dos produtores diversificação de culturas e atividades para permanência no campo. A entidade destaca que em 45 municípios da região, existem cerca de 557 agroindústrias (formais e informais). Destas, 161 são voltadas ao processamento de mel, geléias, polpa de frutas e derivados de leite. 13% utilizam a cana-de-açúcar.
Legenda 01: Na foto, um dos professores orientadores do projeto, Alexandre Chapoval Neto; o proprietário da Jardinox, José Inácio Stürmer; o coordenador do Curso de Engenharia de Produção Agroindustrial, Jonas Rigonanzo e os acadêmicos, Tânia Regina Seiboth e Adelar José Naressi.
Legenda 02: Valmir Schuh, sócio-proprietário da Agroindústria Santo Antônio, faz o envase do melado com uma colher e destina cerca de duas horas diárias a esta tarefa. Com a envasadora o trabalho poderia ser efetuado em 10 minutos.