Em tantos anos escassa, a chuva abundante da primavera agora causa transtornos nas lavouras gaúchas. O clima severo dos últimos dias atrasou ainda mais a colheita do trigo, ao mesmo tempo que retarda o plantio da soja.
Conforme a Emater, entre as culturas de verão a soja é a mais afetada pelas precipitações. O cultivo, que de acordo com a média histórica teria de estar na metade, avançou até agora em apenas 38% da área prevista, um total de 3,9 milhões de hectares. No trigo, principal plantação de inverno, as colheitadeiras passaram por somente 67% da extensão cultivada, quando o normal seria de 81%.
Para o arroz, a chuva torrencial dos últimos dias teve efeitos benéficos para quem depende da água das barragens, mas pode causar prejuízos para os agricultores que plantam às margens de arroios e rios, como o Santa Maria, na Fronteira Oeste, e o Jacuí, na região Central do Estado. O risco é o alagamento prolongado em parte das lavouras, o que poderia levar à necessidade de replantio.
— Creio que o problema chega a apenas 3% da área cultivada no Estado (um total de 1,1 milhão de hectares). Mas só saberemos depois. Depende de quanto tempo a água vai levar para baixar — diz o diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Valmir Menezes, ponderando que as precipitações da semana, por outro lado, possibilitaram a implantação da lavoura em cerca de 124 mil hectares ameaçados por déficit hídrico.
No caso do trigo, a possibilidade de perda é principalmente pelo aparecimento de doenças causadas por fungos devido ao excesso de umidade. As regiões mais atrasadas na colheita são Planalto e Nordeste.
— Mas até agora o trigo tem surpreendido pelo bom rendimento. Os produtores conseguiram controlar os fungos — relata Ataídes Jacobsen, assistente técnico da Emater de Passo Fundo.