16 novembro 2009

Menina morreu afogada ao cair em um córrego que subiu com as chuvaradas, em Três de Maio

Uma sucessão de tormentas provocou a morte de uma criança e trouxe transtornos aos gaúchos entre a noite de sexta-feira e a madrugada de ontem.
A chuva forte, a ventania e o granizo causaram destruição, fazendo casas desabar, bloqueando estradas e deixando famílias desabrigadas. Cerca de 100 mil residências ficaram totalmente às escuras devido à falta de energia elétrica.
No episódio mais trágico provocado pelas tempestades, Eduarda Herold, três anos, caiu em um córrego, foi arrastada pela correnteza e morreu. O acidente ocorreu no final da tarde de sábado, em Três de Maio, no noroeste do Estado. Eduarda brincava na margem do Lajeado Caneleira, que fica a 80 metros de sua casa e estava cheio por causa da chuva. Por volta das 18h30min, seus pais foram ordenhar vacas. Com o irmão Felipe, 10 anos, a menina se dirigiu à margem.
Ao apanhar um galho na beira do córrego, desequilibrou-se e caiu na água. O irmão chegou a pegar na mão da menina para tentar salvá-la e quase foi junto. O Corpo de Bombeiros Misto de Três de Maio foi acionado, mas não conseguiu chegar ao local, distante cerca de 20 quilômetros da cidade, em razão de problemas nas estradas. Mais de 60 pessoas da comunidade fizeram as buscas. O corpo foi encontrado às 8h de ontem, a três quilômetros do local do desaparecimento.
Uma das cidades mais castigadas pelo granizo e por vendavais foi General Câmara, na Região Carbonífera. Segundo o vice-prefeito, Paulo Mateus da Silveira, cerca de 30% das 4 mil casas do município acabaram danificadas. A pior situação ocorreu na localidade de Potreiro, onde 20 das 70 residências foram atingidas. Algumas delas praticamente desapareceram após a chuvarada de pedra de gelo e a ventania que durou pouco mais de dois minutos. Em uma família de agricultores, a mãe e o filho de três anos foram arremessados pelo vento, enquanto a casa de madeira era arrastada. No local, sobrou apenas a estrutura de concreto.
– Acredito que foi um tornado, pois uma casa foi totalmente destruída, e a casa vizinha nem sentiu o vento – relatou o vice-prefeito.
O Instituto Nacional de Meteorogia (Inmet) afirmou que existiam condições para a ocorrência de um tornado, mas que não houve o envio de técnicos ao local para confirmar o fenômeno. Segundo a Somar Meteorologia, no município choveu 50,4 milímetros no sábado, cerca de 70% do esperado para todo o mês de novembro. Como não há estação de monitoramento no município, não há como precisar a velocidade do vento. Em Rio Pardo, a cerca de 80 quilômetros de General Câmara, a rajada chegou a 77 km/h.
Em Picada Café, a chuvarada que deixou pelo menos 65 desalojados e 70 residências danificadas provocou um desmoronamento de cerca de 25 metros de profundidade na rodovia Porto Alegre-Vacaria (BR-116), no km 202.
Ontem, a Defesa Civil gaúcha ainda contabilizava os prejuízos. Somente Nova Petrópolis e Minas do Leão haviam oficializado o decreto de situação de emergência.