Um Urutau (ave fantasma) está na propriedade de Carlos Alberto Ghellar, propriedade localizada em São Marcos, interior de Tuparendi, desde o dia 15 de março e permanece até os dias atuais.
Para o Sr. Carlos “Foi uma surpresa para toda a família, pois nunca se havia visto esta espécie em nossa região e chamou muito a atenção o fato de sua camuflagem e descrição, não se movimenta por motivo algum, cheguei a me aproximar a menos de um metro para fotografá-lo e ele permaneceu lá. É uma curiosidade, pois não é todo dia que encontramos uma ave destas em nossa propriedade”.
O urutau (Nyctibius griseus), pássaro que em tupi-guarani significa ave-fantasma, durante o dia permanece totalmente imóvel sobre um tronco, um galho ou um mourão de cerca. À noite, faz ecoar um canto melancólico, parecido com um lamento humano.
O urutau vive em bordas de florestas, campos com árvores e cerrados e é encontrado da Costa Rica à Argentina. Põem um único ovo que é chocado pelo macho. O tempo de incubação dura, aproximadamente, 33 dias. O filhote permanece mais 51 dias no ninho, um dos períodos de desenvolvimento mais longos para as aves no continente americano.
O pássaro adulto possui cerca de 37 centímetros de comprimento e 160 gramas de peso. Muitas vezes é confundido com uma coruja porque possui olhos grandes e desproporcionais ao tamanho da cabeça larga e achatada. À noite, quando iluminados por uma lanterna, os olhos refletem uma luz avermelhada, visível a grande distância. A boca, enorme, é parecida com a de um sapo cururu. Essa aparência assustadora é usada como arma para afastar a maioria dos predadores.
O urutau possui outro mecanismo de defesa. São duas aberturas instaladas em suas pálpebras. É por esse “olho mágico” que ele consegue enxergar em todas as direções sem precisar mexer muito a cabeça. Essa fenda também controla o movimento que ele faz quando algum predador se aproxima. Lentamente, ele estica o corpo e levanta a cabeça até a cauda tocar o tronco. Sem abrir os olhos, a camuflagem se torna tão perfeita que o inimigo não consegue percebê-lo. Com isso, confunde-se com uma ponta de galho seco ou o prolongamento de uma estaca, uma camuflagem chamada “mimetismo de galho”.
O urutau só dorme quando se sente totalmente seguro. Sai à noite para se alimentar de insetos noturnos, em especial de grandes mariposas, cupins e besouros. Ele caça em vôo, nunca pousa no chão, preferindo voar alto de uma árvore para outra.
O pássaro também atrai várias lendas. Na Amazônia acredita-se que as penas da cauda do urutau protegem a castidade. Por isso, a mãe varre debaixo das redes das meninas com uma vassoura feita com estas penas. Outra lenda garante que aquele que escrever uma carta para a pessoa amada com a pena do urutau terá o amor correspondido.
O urutau (Nyctibius griseus), pássaro que em tupi-guarani significa ave-fantasma, durante o dia permanece totalmente imóvel sobre um tronco, um galho ou um mourão de cerca. À noite, faz ecoar um canto melancólico, parecido com um lamento humano.
Existem cinco espécies de urutau no Brasil - a mais comum é a Nyctibius griseus. Aqui no meu ecossistema podemos ouvir o pio triste desta espécie de urutau assim que o sol se põe. É um canto nostálgico e lamuriante, que às vezes se parece com uma criança gemendo.
Os urutaus brasileiros recebem os mais diversos nomes, dependendo da região: mãe-da-lua, manda-lua, ibijaú, chora-lua, preguiça, jurutau, jurutauí, urutágua, urutago, urutauí, urutavi e cacuí.
O Nyctibius grandis, também conhecido como mãe-da-lua-gigante, tem quase meio metro de comprimento e envergadura de asas com o dobro disso. Este "bitelo" pode chegar a pesar até 500g. Quase do mesmo tamanho é a mãe-da-lua-parda, o Nyctibius aethereus, considerado rara.
Aqui ainda temos o urutau-de-asa-branca (Nyctibius leucopterus), com uma mancha alva na base das asas, e o urutau-ferrugem (Nyctibius bracteatus), com uma plumagem muito vistosa.
Texto: Vilson Winkler
Fotos e pesquisa: Carlos Alberto Ghellar