É fato que a maioria dos militantes do PP deseja apoiar a governadora Yeda Crusius (PSDB). Mas, como muitos têm receio sobre as chances de reeleição da tucana, o partido decidiu ontem atrelar uma condição à participação no projeto: exige também a coligação na proporcional.
Com essa aliança, que envolve a disputa por vagas na Assembleia e na Câmara dos Deputados, a sigla acredita ser possível ampliar as bancadas estadual e federal. Isso porque a soma dos votos de PP e PSDB garantiria mais cadeiras aos dois partidos – e, como o PP concentra campeões de voto, a maior parte delas seria ocupada por seus candidatos. No PSDB, o cenário é visto como de risco político, já que a representação dos tucanos poderia minguar
O presidente estadual do PP, Pedro Bertolucci, telefonou ontem para Yeda e informou esperar uma resposta até sexta-feira. Se até lá os tucanos não se manifestarem, o PP retomará as negociações com interessados em seu apoio – PSB, PMDB e PTB. Nas consultas que fez às bases, o PP descobriu que seus militantes preferem apoiar Yeda. A reunião do diretório exasperou os ânimos dos líderes.
– Eu acredito na reeleição da governadora – apregoou o deputado Vilson Covatti.
– E Papai Noel existe – retrucou em voz baixa o prefeito de São Jerônimo, Marcelo Schreinert.
Sentados lado a lado, Schreinert e o prefeito de Pelotas, Fetter Jr., discursaram em tom semelhante: a coligação na proporcional seria uma condição razoável para o PP bancar, segundo as pesquisas, uma candidatura com alta rejeição entre os eleitores.
No PSDB, a notícia foi recebida com indignação pelo prefeito de Uruguaiana, Sanchotene Felice. Ele afirmou que “isso é uma estupidez que não será aceita em hipótese alguma”:
– Querem ver nosso partido diminuir em benefício deles. É um escândalo! Pensam que somos imbecis?
O presidente do PSDB, Claudio Diaz, afirma ser impossível dar uma resposta ao PP até sexta-feira:
– Vamos ouvir as bases, os aliados, e depois vamos nos manifestar. Será em breve, mas não sei quando.