25 junho 2010

Alta no preço do pasto faz produtores gaúchos replanejarem estratégias

Aliadas na manutenção do peso do gado, as forrageiras foram alvo de replanejamento em diversas propriedades rurais do Estado este ano. O preço da principal gramínea utilizada, o azevém, subiu 94,4% do ano passado para cá. Ainda assim, apostando em um bom momento da pecuária, produtores não diminuíram as áreas plantadas. A solução encontrada foi diversificar o plantio de forrageiras, apostando em outras variedades, como a aveia.
Em Bagé, na região da Campanha, o preço mais alto do azevém fez com que o produtor de leite Luís Vagner Mendonça, 50 anos, diminuísse a quantidade de sementes da gramínea e aumentasse a de aveia. Se em 2009 Mendonça plantou cinco hectares de azevém e um hectare de aveia, em 2010 a proporção foi ao contrário.
– Espero que a aveia supra as necessidades nutricionais do gado. Preciso que as vacas leiteiras estejam bem alimentadas para produzir bem – expõe o produtor.
Seguindo à risca o fenômeno da lei de oferta e procura, o aumento no preço do azevém se devem à escassez de sementes no mercado devido, principalmente, à chuva no período de primavera, época de colheita da semente.
– Se tem menos produto no mercado e a procura é grande, a tendência é o preço subir. Desde 2008 o preço da semente estava estabilizado – analisa Sadi Pereira, vice-presidente da Sulpasto, uma associação de Ijuí que reúne produtores de sementes forrageiras.
Pereira alerta que os preços variam muito de acordo com a região do Estado. Nas regiões de tradição de produção de sementes, como o Noroeste, o quilo da semente do azevém pode ser encontrado a R$ 2,50. Na Campanha, a R$ 3,5.
Para Fernando Adauto Loureiro de Souza, consultor de pecuária da Federação da Agricultura do Estado, o motivo também poder ser outro: o aumento de áreas agrícolas:
– O Estado está plantando mais, acaba saindo mais sementes, e o preço aumenta. Além da questão climática que diminui as sementes no mercado, o preço praticado em anos anteriores pode ter desestimulado o investimento em sementes de azevém nesse ano – afirma.
Mendonça, entretanto, pode ficar tranquilo quanto ao valor nutricional da aveia, segundo o assistente técnico da área de criação e forrageiras do escritório regional da Emater em Bagé, Fábio Schlick. O alimento é tão rico quanto o azevém, mas por ser mais precoce que o azevém tem um ciclo menor.
– Já se pode colocar o gado depois de 60 dias do plantio enquanto o azevém se coloca, em média, 90 dias depois. A aveia alimenta os animais por 60 a 90 dias, o azevém por mais 150 dias no mínimo – explica.
Schlick também alerta que a aveia exige maior quantidade de semente por hectare do que o azevém. Enquanto num hectare de azevém é necessário de 20 a 25 quilos de semente, no hectare de aveia é preciso de 60 a 80 quilos de sementes.
– Tanto um quanto outro proporcionam engorda de um a 1,5 quilo por animal diariamente. Em vacas de leite a produção não fica abaixo dos 12 litros só com esse tipo de alimentação – complementa o técnico.