23 junho 2010

Queda no preço mínimo do trigo desagrada produtores

Foi com surpresa que o setor do trigo gaúcho recebeu ontem a notícia de que o preço mínimo do trigo para a safra 2010 será reduzido. Embora o percentual não tenha sido anunciado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) - medida a ser executada pelo Ministério da Agricultura -, a decisão preocupa.
Desde que a Política de Garantia de Preços Mínimos foi criada, em 1943, é a primeira vez que há redução de valores. Especialistas avaliam que a decisão não deverá ter reflexo, em um primeiro momento, no preço do pão francês, que usa a farinha de trigo como matéria-prima
O secretário adjunto de Política Agrícola do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, argumentou que é preciso diminuir os preços mínimos do produto para elevar seu valor com agilidade, quando for preciso.
Com plantio já iniciado e custos da produção em alta - no caso do trigo, de 1,19%, segundo o primeiro levantamento da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro) para o ciclo produtivo 2010/2011 -, o presidente da entidade, Rui Polidoro, avaliou a decisão como “um tiro no pé”:
— É muito ruim. Por que não se eleva a taxa de importação do produtos vindos de outros países?
Representantes do setor se encontram hoje com integrantes do Ministério da Agricultura, e devem tratar do assunto. A medida explica-se quando são considerados os preços do trigo no mercado internacional, avalia o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado, Gerson Pretto. O governo brasileiro estabeleceu um preço mínimo elevado (a diferença chega a US$ 125 por tonelada na comparação entre o trigo melhorador brasileiro e o similar no mercado internacional). Para garantir a compra do produto nacional, teve de bancar a diferença.
Para o analista da Safras & Mercado Elcio Bento, uma medida mais eficaz teria de ser focada em outra área:
— O problema do trigo no Brasil é lá na raiz, é preciso diminuir o custo da produção — alerta Bento.