10 junho 2010

Sem ponte, moradores da Fronteira ficam também sem barca quando Uruguai sobe

Quando chove forte na Fronteira, a falta de uma ponte ligando o Estado à Argentina torna-se um problema sentido de forma ainda mais aguda. Em período de enchente, as embarcações que atravessam o Rio Uruguai não têm onde atracar, e o transporte é suspenso. Quem tem negócios ou quer passear na terra dos hermanos acaba preso a uma das margens.
Neste ano, por causa das cheias, o serviço já foi interrompido duas vezes em Porto Mauá e Porto Xavier e em uma ocasião em Itaqui. Reivindicação antiga de municípios da Fronteira, a construção de ponte sobre o Uruguai foi escolhida pelos gaúchos como um dos três Projetos para o Rio Grande.
Em Porto Mauá, onde predominam travessias para turismo e compras, o transporte ficou cinco dias parado entre abril e maio.
– A cidade praticamente para – diz o secretário de Turismo, Adilson José da Costa.
Para impedir que turistas se desloquem em vão nos dias de transporte suspenso, o funcionário da prefeitura Vilson Winkler tornou-se um mensageiro das cheias. Ele faz projeções sobre o momento em que não será possível a travessia. Seus boletins são divulgados em rádios, TVs e jornais.
Em Porto Xavier, onde a movimentação se dá pelas importações e exportações, o transtorno não é menor. Dias parados significam prejuízo. Cebola é o principal produto que passa no porto, importado da Argentina.
– Para tudo até o rio baixar. Perdem importadoras, despachantes, caminhoneiros – comenta a presidente da Associação das Importadores, Exportadores, Despachantes Aduaneiros e Transportistas, Alda Sandin.
Localizada entre Uruguaiana e São Borja, os locais onde existe ponte, Itaqui também sofre com enchentes. O principal produto do porto é o arroz.
– Não podemos trabalhar quando dá enchente. Já tive de dormir várias vezes dentro do caminhão – conta o presidente em exercício da Cooperativa de Transporte Itaquiense, José Mauro Manzoni Cunha.