13 agosto 2010

Criadores do Noroeste adotam bônus do leite

Para melhorar geneticamente o rebanho leiteiro, o município de Augusto Pestana, no noroeste do Estado, criou uma estratégia diferente. Todos os semestres, os produtores de leite trocam as notas fiscais de venda do produto por bônus, que são revertidos para a compra de sêmen bovino para inseminação. A cada seis meses, todos os produtores do município que apresentarem os blocos e as notas corretamente no setor de arrecadação de impostos ganham o Bônus Prêmio, de R$ 50. No entanto, esse valor pode ser bem maior, dependendo da produtividade. A prefeitura paga R$ 0,0015 por litro de leite. O valor acumulado é trocado por sêmen.
O benefício, além de impulsionar a produtividade em médio prazo, também contribui com a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), já que agora nenhum produtor deixa de exigir a nota fiscal de venda do produto.
Darci Otmar Wrasse, 49 anos, toma cuidado para não perder nenhuma nota. Já chegou a somar R$ 300 para trocar por sêmen. Por meio do bônus, cinco animais já nasceram na propriedade, onde vive com a mulher e o filho. As 55 vacas da família produzem cada uma, em média, 25 litros de leite por dia.
– Podemos escolher o sêmen do touro que mais combina com as vacas que temos. Com o sêmen correto, acabamos corrigindo certos defeitos nos animais que vão nascer – destaca.
O produtor Lucas Wildner, 36 anos, garante que o bônus já gerou economia para a propriedade onde, juntamente com a mulher e o filho, cria 18 vacas leiteiras. O pecuarista mesmo insemina os animais, utilizando as técnicas que aprendeu em um curso em Guarani das Missões, financiado pela prefeitura.
– Agora não preciso mais gastar com a inseminação, já um bom dinheiro que acabo poupando – anima-se o criador.
Wildner conta que antes gastava em média R$ 30 a R$ 40 por sêmen, mais os custos com inseminador. Para a troca, estão disponíveis quatro tipos de sêmen, de diferentes preços: dois da raça jersey e quatro holandesa, inclusive o sexado.
– Se o produtor tem uma vaca de boa qualidade, que dá bastante leite, pode optar por um sêmen mais caro. Se a vaca não é tão boa, pode investir em um mais barato – explica o secretário municipal de agricultura, Elvio Spies.
O produtor que não emitir todas as notas fiscais comprovando a produção leiteira do semestre, além de não acumular dinheiro, perde o direito ao bônus semestral.