23 agosto 2010

Exposição à luz piora crises de enxaqueca em até 40% dos casos

Uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Cefaleia revelou que, para cerca de 40% dos pacientes, a exposição prolongada ao barulho e a luz intensos, em especial a luz do sol, são os principais fatores desencadeadores de crises de enxaqueca. O estudo foi coordenado pelo neurologista Elcio Juliato Piovesan.
Esses pacientes apresentam uma maior suscetibilidade a estímulos externos. No período entre as crises ou durante, essas pessoas são mais suscetíveis à luminosidade. De acordo com Piovesan, isso acontece porque os pacientes com enxaqueca apresentam um estado de sensibilidade maior.
— A luz é um estímulo externo que acentua esta hipersensibilidade que o paciente apresenta e a região do cérebro que é mais sensível a estas alterações é o lobo occipital, que é responsável por processar os estímulos visuais — explica.
Algumas doenças no olho que levam à cegueira, principalmente o glaucoma agudo, estão associadas a dores na cabeça ou no olho, mas as características clínicas dessa dor diferem de enxaqueca.
— As cefaleias causadas por erros de refração visual (problemas de visão) causam cefaleias secundárias que são muito diferentes das cefaléias primárias como é o caso da enxaqueca — destaca.
Ainda segundo o neurologista, o que pode acontecer é que um paciente com enxaqueca que apresentar um problema visual pode ser mais difícil controlar as crises de enxaqueca.
— Muito facilmente quando corrigimos os erros visuais o paciente melhora a própria enxaqueca —, complementa.
Existem algumas formas de prevenir a fotofobia (aversão a luz). Medicamentos que aumentam a resistência do lobo occipital devem ser as medidas mais adequadas e, em casos agudos, a limitação à exposição à luz auxiliam o tratamento.
Saiba mais sobre a enxaqueca:
A enxaqueca é uma patologia que apresenta as fases premonitória, de aura e de cefaléia e sintomas associados.
Fase premonitória: sintomas que antecedem as dores de cabeça começam a se manifestar entre seis e até 48 horas antes do início da cefaléia. Os sintomas premonitórios podem ser fotofobia, e osmofobia (aversão a odores).
Fase de aura: esse é o momento da manifestação clínica em que o paciente apresenta alterações visuais que antecedem a dor de cabeça do paciente em até 60 minutos. Aura visual tem uma duração de cinco até 60 minutos.
Fase de cefaléia: a dor de cabeça da enxaqueca tem uma duração que pode estar entre quatro e 72 horas nos adultos e entre duas e 48 horas na faixa pediátrica, ou seja, até os 14 anos. A cefaléia é pulsátil e pode vir acompanhada de náuseas e vômitos, além de foto e fonofobia. Geralmente, ela piora quando quando o paciente faz esforços físicos como caminhar ou correr.