A anulação da prova do concurso para oficial de Justiça do Tribunal do Estado (TJ-RS) reforça o debate sobre problemas que envolvem seleções públicas. Realizado no dia 18 de abril em sete cidades gaúchas, o processo foi marcado por denúncias de irregularidades. Cerca de 78 mil pessoas se inscreveram na disputa de 122 vagas para o cargo, cujo salário inicial previsto é de R$ 4.095,90 para uma jornada de 40 horas semanais, sendo R$ 1.061,90 de risco de vida.
Nos últimos meses, pelo menos outros três concursos de grande procura também foram anulados. Um deles foi o da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), realizado em março deste ano e cancelado porque a organizadora usou questões empregadas em outros certames. A seleção da Polícia Rodoviária Federal foi suspensa em março por suspeita de fraudes. Em dezembro de 2008, por denúncias de irregularidades, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) também anulou as provas do concurso público realizado no dia 14 daquele mês.
Queixas dos candidatos sobre o concurso do TJ envolvem supostas fraudes na aplicação das provas em Passo Fundo e o caso de dois irmãos aprovados com nota final idêntica (mesmas pontuações nas provas de língua portuguesa, conhecimentos específicos e legislação). Há reclamações também de que pessoas preencheram as folhas de resposta após o tempo regulamentar, além de problemas na fiscalização.
Entre os descontentes com a aplicação do exame, Joelma Lirian Peretti Barbosa, 32 anos, recebeu a notícia da anulação com alívio. Formada em Direito no início deste ano, ela abriu mão até de estudar para a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para se dedicar exclusivamente ao concurso de oficial de Justiça e ficou decepcionada após a aplicação do exame:
– Além de desorganizada, achei a prova mal formulada. E não foi só eu que senti isso, porque quando deram a notícia do cancelamento hoje (ontem) no cursinho preparatório, toda a minha turma vibrou.