20 novembro 2010

"Há uma família com três gerações trabalhando lá", diz gaúcho que auxilia no resgate de mineiros

O acesso ao local do acidente é restrito
Há cinco anos morando na Nova Zelândia, o gaúcho Atila Machado de Oliveira, de 33 anos, foi surpreendido no fim da tarde de sexta-feira por um chamado de emergência para atuar no resgate dos 29 mineiros que ficaram presos em uma mina de carvão. A explosão aconteceu às 16h30 local (1h30 no horário de Brasília) na mina de Pike River de Grey District, na costa oeste. Desde então, o gaúcho natural de Sapucaia do Sul passou cerca de 30 horas trabalhando no local. Só parou por volta da 1h da manhã de domingo (10h da manhã de sábado no Brasil). 
— Dormi por apenas três horas desde sexta-feira. Quando você está nessa situação, o seu corpo não para, é uma adrenalina pura, você sabe onde tem que focar nessas horas — relatou. 
Em entrevista por telefone a zerohora.com, Oliveira contou como está o andamento do trabalho das equipes de resgate que tentam localizar os mineiros desaparecidos após a explosão. 
— Temos dificuldade para chegar ao local, o acesso é extremamente restrito no momento. A estrada foi bloqueada a aproximadamente dois quilômetros do portão de entrada principal da mina. 
Até o momento, não se sabe se os 29 trabalhadores soterrados conseguiram sobreviver, já que não foi possível estabelecer comunicação com eles. Bombeiros, Exército, Cruz Vermelha e voluntários trabalham em uma operação que reúne cerca de 350 pessoas. Porém, a possibilidade de uma nova explosão e as condições climáticas dificultam a atuação das equipes 
—  O espaço aéreo foi fechado para facilitar a operação dos helicópteros, mas na manhã deste sábado o tempo não ajudou, tivemos chuva e nevoeiro. Estamos aguardando os níveis de metano (gás tóxico e inflamável) no ar normalizarem, para que o risco diminua e possamos entrar no túnel — explicou Oliveira.
Imagem aérea mostra a mina de carvão Pike River
Os familiares dos mineiros foram alocados na cidade de Greymouth, a cerca de 25 quilômetros do local do acidente, onde há equipes de enfermeiros, psicólogos e voluntários disponíveis para auxiliar na espera por informações. Segundo o relato de Oliveira, a situação é muito delicada, pois há famílias em que várias gerações trabalham no local.
— Há uma familia que tem três gerações trabalhando na mina: o pai como engenheiro, o filho como gerente e o neto como aprendiz. Até onde sabemos, somente o neto está entre os soterrados. Há muitos jovens na faixa de 18 a 22 anos como aprendizes nessa mina, já que na região se encontram quatro grandes jazidas de carvão mineral usado na fabricação de aços de alta qualidade e equipamentos cirúrgicos.