A matéria prima vem de propriedades de cem municípios do norte do estado |
A empresa é responsável por cerca 8% da produção nacional.
Transformar soja em biocombustível é um negócio aquecido e que está em franca expansão no Brasil. Na indústria instalada em Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, há seis anos, a produção anual é de 160 milhões de litros de biodiesel. Há três meses, entrou em operação a esmagadora de grãos, que recebe soja in natura e transforma em óleo e farelo. São duas 2,5 mil toneladas de soja recebidas por dia.
A empresa já é a sexta maior produtora de biodiesel do país, responsável por cerca 8% da produção nacional, e toda a matéria prima utilizada pela indústria vem de lavouras de cerca de cem municípios da região norte do estado.
O agricultor Luiz Carlos Carvalho produz 400 hectares de soja e 30% da safra já está negociada com uma empresa local. “É muito importante porque não ficamos na dependência só da comercialização com as grandes tradings para exportar”, avaliou.
“Nós temos várias formas de trabalhar e de adquirir a soja, que é nossa matéria prima junto ao produtor, junto a cerealistas e cooperativas. Então, trabalhamos com contratos de aquisição futura. Nós compramos tanto de produtores quanto de cooperativas e de cerealistas”, disse Erasmo Battistela, diretor da empresa.
Além disso, para que o combustível tenha o Selo Social, pelo menos 30% da matéria prima deve ser adquirida da agricultura familiar. “O segmento do biodiesel tem proporcionado valores maiores do que a paridade porto. Muitas vezes a gente operou o mercado interno do Rio Grande do Sul mais alto do que o preço estipulado no porto para exportação. Precisamos considerar de que para colocar um produto no porto temos todo o custo logístico. Então, nós tivemos situações de R$ 1,50 a quase R$ 2 acima da paridade de exportação, com o mercado interno bancando esses valores”, explicou Cléber Bordignon, analista de mercado.
Os produtores de soja do Rio Grande do Sul agradecem se o mercado interno continue aquecido dessa forma. “A medida em que for aumentando a quantidade de biodiesel no diesel normal vai favorecendo o produtor. Também é uma oportunidade para incentivar a produção e a comercialização fica mais tranquila, o que é o mais importante”, concluiu o agricultor Luiz Carlos Carvalho.
Oitenta por cento do biodiesel produzido no Brasil tem como base a soja.