04 abril 2011

Comunidade da linha Salto reabriu salão comunitário

Guilherme Canal RBS TV Santa Rosa
Nesta terça-feira, 05 de abril, completa um mês do acidente que matou 29 pessoas na BR 282 em Descanso, em Santa Catarina. A maioria das vítimas era de linha Salto, interior de Santo Cristo.
Os moradores da pequena localidade rural aos poucos tentam voltar à rotina normal.
Um mês depois da tragédia, a tristeza continua muito presente as famílias de linha Salto. A dona-de-casa Romilda Berg dos Santos foi poucas vezes no cemitério onde estão enterrados a filha e o genro, porque não consegue se conformar com o que aconteceu.
- Está cada vez pior para mim. Eles sempre iam lá em casa no fim de semana. Parece que estou vendo ela vindo, chegando lá em casa. Eu era feliz e não sabia – comentou Romilda.
Já o agricultor Miguel Afonso Kuhn sente falta do filho para colher a soja. O herdeiro era responsável por todo o trabalho nesta época do ano.
- Me aposentei agora que ia começar aproveitar a vida um pouco, acabou tudo. Eu tenho essas terras lindas, pensei que o filho ia tocar e agora fica o pai e morre o filho, não sei o que fazer; Vizinhos quase não temos mais, morreram – conta o agricultor.
Mesmo com tanta dor e desânimo, o trabalho não pode parar na lavoura do Seu Miguel.
- Tem que estar junto, não tem o que fazer, falta gente. Pessoas que entendam da máquina – explica o agricultor Jair dos Santos.
Mesmo com tantas dificuldades, os moradores de Santo Cristo mostram que querem que a rotina volte ao normal.  Neste fim de semana foi reaberto o salão comunitário da linha Salto. Ele é o principal ponto de encontro dos agricultores para jogos, como o bolão.
Foi pela paixão por este esporte que o grupo viajou ao Paraná, para uma confraternização com amigos de Marechal Cândido Rondon. Nos primeiros jogos, não se viu comemoração com os pinos derrubados, uma jogada bem feita na bocha ou no bolão. A quadra de futsal ficou vazia.  Sinais que demonstram a falta de quem morreu na viagem.
- Uma tristeza só de entrar, chegar e não encontrar os companheiros. Pelo menos 15 dos que sempre estavam por aqui se foram – lamenta o agricultor Adilo Faccin.
Por lá estavam pessoas  que foram na viagem e se salvaram.Entre eles, o vice-presidente da sociedade que vai assumir a coordenação a partir de agora.  Quatro líderes da comunidade de linha Salto morreram na tragédia.
- Vamos completar a diretoria, convidar mais pessoas. Por enquanto vamos só abrir a copa. Promoções e bailes só mais adiante. Queremos continuar os projetos do nosso presidente – comentou o vice-presidente Adelmo Miguel Kraemmer, que também estava no acidente e perdeu vários parentes.
A vontade de levar a vida adiante vai fazer voltar a alegria para este salão e aos agricultores da linha Salto.