18 maio 2011

Suspeito de ser mentor da máfia dos medicamentos se entrega à PF

Dalci Filipetto teve o nome divulgado
pela polícia na tarde de ontem
Considerado pela Polícia Federal um dos mentores da quadrilha que fraudava a venda de medicamentos, o empresário Dalci Filipetto se entregou na noite de ontem e foi encaminhado ao Presídio Regional de Passo Fundo. Proprietário da maior distribuidora da região, a Sulmedi, e ligado a outras empresas distribuidoras suspeitas de funcionarem como fachada para vencer licitações, Filipetto teria dado origem à máfia dos medicamentos na região.
Auxiliar de enfermagem, começou a vida profissional no Hospital São Vicente de Paulo, em Barão de Cotegipe, e dali saiu para abrir a empresa distribuidora Sulmedi há 24 anos. A Polícia Federal investiga se as operações podem ter servido para a lavagem de dinheiro. Há alguns anos, ele comprou uma fábrica de balanças em situação falimentar.
O esquema
Com a instauração do inquérito policial, em 2007, foi constatado o desvio de verbas públicas federais destinadas pelo governo federal à compra de medicamentos pelas prefeituras — a verba integrava o Programa de Assistência Farmacêutica Básica, popularmente conhecido como Farmácia Básica.
As empresas envolvidas participavam de uma mesma licitação em determinado município e operavam as propostas de modo que sempre o mesmo grupo acabava vencedor.
As investigações operacionais, com participação da Controladoria Geral da União (CGU), iniciadas em outubro de 2009, apontaram que os responsáveis pelo setor de compras ou secretarias municipais de saúde compravam os medicamentos necessários à população, com preços superfaturados, e muitas vezes os remédios sequer chegavam a ser entregues.
— Eles se organizavam em pelo menos três grandes grupos de empresas, que participavam das licitações. Um deles faturou 40 milhões somente em 2009 e outros 70 milhões em 2010 — afirma Dornelles.
Conforme o chefe da delegacia de Passo Fundo, Paulo Bulgos de Andrade, em alguns dos municípios, os medicamentos entregues pelas empresas envolvidas na fraude estavam vencidos ou próximos da data de vencimento e eram de má qualidade.