Rafael Ristow, RBS TV Santo Ângelo |
As ovelhas que correm soltas pelo Sítio Arquelógico de São Lourenço das Missões também ajudam a contar a história que se passou no lugar. São em torno de 30 animais da raça conhecida como missioneira, criada na época da antiga redução jesuítico-guarani.
As ovelhas estão aqui há 14 anos através de um projeto criado numa parceria entre a prefeitura de São Luiz Gonzaga e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. Elas nasceram a partir de materiais genéticos armazenados na Embrapa de Pelotas e hoje fazem parte da paisagem junto com o que restou das construções. A história de um povo preservada há mais de 300 anos.
Era 1690 quando o Padre Bernardo De La Veja fundou a Redução de São Lourenço Mártir. Da Redução de Santa Maria Maior, lá na Argentina, ele trouxe 3512 índios. Já no começo, 823 famílias formaram o quinto povoado missioneiro no Rio Grande do Sul.
A redução tinha a praça ao centro e a igreja como principal construção. As poucas paredes ainda intactas dão a dimensão da grandiosidade do templo religioso. Um prédio com aproximadamente 80 metros de comprimento e 40 de largura. Tão grande quanto o tamanho, era a riqueza do local. No livro “Bens e Riquezas das Missões”, foram traduzidos os inventários dos sete povos. A obra relata que a igreja tinha cinco altares dourados e inúmeros objetos de ouro, prata e bronze. Aqui, mais uma vez, o que chama a atenção é a perfeição das pedras. Esculpidas de forma artesanal, grande parte intacta desde a época em que os índios habitaram esta terra.
O local chegou a ter quase 7 mil índios, uma das maiores reduções. Tudo numa série de construções tão bem planejadas que hoje ainda deixam dúvidas entre a população. Histórias como as de túneis subterrâneos que ligavam uma redução à outra. O que nada mais eram do que espaços embaixo da terra para guardar vinhos e alimentos.
_As pessoas até vem aqui e procuram, na nossa região, os túneis que ligavam… isso é lenda que as pessoas foram criando_comenta a professora de História Janete Melo de Souza.
Com o passar dos anos, novos elementos se revelaram para contar a história. A professora Janete conta que há poucos anos foram encontradas espécies de cisternas atrás da igreja. Espaços onde era armazenada a água da chuva.
_Hoje, nós estamos ainda resgatando a parte da preservação da água. Naquela época, eles já tinham a preocupação com o meio ambiente_explica.
Hoje, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é responsável pelo sítio arqueológico. O instituto preservou o cemitério que foi ocupado pelas comunidades recentes da localidade.
O Sítio Arqueológico de São Lourenço das Missões fica acerca de 30km da cidade de São Luiz Gonzaga. É o legado de um povo valorizado como patrimônio nacional. Mesmo com muitos mistérios históricos a serem desvendados, aqui a trajetória missioneira também resiste ao tempo.