A mãe Lindanir de Almeida com o padrasto Lourival Tibes Foto:Claudia Baartsch / Agencia RBS |
Uma mala contendo um corpo, encontrada semi-submersa na lama do mangue do rio Cachoeira, no bairro Boa Vista, zona Leste de Joinville. Esse foi o ponto de partida de uma história real, com detalhes típicos de filme de suspense, que intrigou a polícia e chocou a cidade há exatamente um ano.
Saiba mais sobre o crime
Mas, apesar da repercussão, a trama do crime da mala ainda não teve fim. Para apurar pontos questionados pelo Ministério Público, a Polícia Civil teve de pedir mais prazo para concluir o inquérito. Já se sabe que a vítima, Ana Maria Gonçalves de Almeida, 34 anos, tentava largar as drogas e pensava em voltar para a casa da família, em Três Barras, no Planalto Norte do Estado.
Ela havia se aproximado de uma igreja e vivia na companhia de um homem que também teria se apegado à fé para tentar largar o vício, segundo a polícia apurou. Os dois dividiam o mesmo espaço em um trailer estacionado perto do templo da Assembleia de Deus no bairro Petrópolis, na zona Sul.
Conhecidos teriam ficado sem notícias de Ana Maria por quase duas semanas antes de o crime vir à tona. Dois dias depois, houve a identificação do corpo, por causa de três tatuagens e de duas próteses dentárias.
Só que a sequência de acontecimentos, desde o sumiço até o momento em que a mulher foi encontrada morta por estrangulamento numa mala atolada em meio ao lodo poluído, formam um ponto de interrogação.
A espera pela resposta perturba justamente quem estava mais distante de Ana Maria nos seus últimos dias de vida. A mãe e o padrasto que a criou em Três Barras não a viam há cerca de um ano, desde que ela mudou-se definitivamente para Joinville.
Antes disso, as lembranças se confundem entre momentos de felicidade e outros de preocupação.
— Ela era uma moça bonita, vaidosa. Muito querida por todo mundo. Mas andava sempre bebendo com um namorado que ela tinha quando ainda morava aqui —, conta a mãe, Lindamir Gonçalves de Almeida, 53.
Ana Maria foi a primeira de dez filhos e a única que Lindamir teve com o ex-marido. Criada como filha pelo padrasto Lourival Tibes, 43, nunca chegou a conhecer o pai biológico. Quando era criança, passou os primeiros anos agarrada nos braços da avó.
Até que a morte da idosa, moradora do mesmo bairro, forçou aproximação maior com a mãe no começo da adolescência. E já naquela época era uma relação de idas e vindas. Lindamir perdeu as contas das vezes em que viajou a Joinville para buscar a filha adolescente.