Mesmo num universo majoritariamente masculino, Janaína garante que não sofre preconceito |
Num ambiente tipicamente masculino, uma mulher ganhou espaço entre os peões. Desde o início da 34ª Expointer, no Parque Assis Brasil, em Esteio, a peoa Janaína Busnello Domingues mantém a mesma rotina puxada dos colegas. Cabanheira responsável pelo tratamento de touros da raça Devon da Fazenda Santo Antônio, de Nova Prata, ela transita com desenvoltura entre peões e fala com conhecimento sobre os cuidados com os animais.
Acompanhada do marido, Sérgio Valtair Maidana, que trabalha na mesma cabanha, Janaína garante que sempre sonhou em participar da maior feira de agronegócio do País. Além do incentivo do companheiro, a peoa sempre contou com o apoio do irmão João Manoel, que há 30 anos trabalha como peão. "Sempre gostei de lidar com bicho, meu sonho era trabalhar numa cabanha e participar da Expointer. E hoje estou aqui em Esteio", comemora.
Mesmo num universo majoritariamente masculino, Janaína garante que não sofre preconceito no dia a dia. Instalada no Parque desde o início das atividades, no dia 25 de agosto, ela também conta com a companhia do filho Cleiton, de 8 anos. "Aqui na Expointer é tranquilo, ninguém olha com desconfiança por ser mulher. Há integração entre os que trabalham aqui e não há diferença alguma no tratamento comigo, mesmo que a gente esteja disputando o mesmo campeonato."
Envolvida com a criação de touro Devon desde 2009, Janaína afirma que a experiência é gratificante. Mesmo tomando conta de um animal que, em média, pesa mais de uma tonelada e tem fama de ser durão, ela não teme o contato diário. "Eles são mansinhos, não tem mistério trabalhar com eles", confirma. Apesar da confiança, a peoa lembra que segue os conselhos do marido e não hesita em pedir ajuda no tratamento dos mais chucros. "O adestramento é um convívio diário. Tem muita coisa que tenho que aprender, mas já estou bem familiarizada."
Acostumada à rotina da cabanha da Fazenda Santo Antônio, em Nova Prata, que começa às 6h, a peoa ressalta que os dias que antecedem a abertura oficial da Expointer exigem maior esforço dos criadores. "Em esteio tenho acordado 3h30, 4h. Nos dias que antecedem julgamento, acordamos mais cedo. Normalmente os primeiros dias são mais puxados", relata. Sobre as recomendações de Sérgio, ela é taxativa: "Lido com touro que tem 1150 quilos. Meu marido disse que preciso cuidar das aspas, que é perigoso, e observar o modo como o animal para", lembra.
Texto: Felipe Samuel
Foto: Camila Domingues/Palácio Piratini
Edição: Redação Secom