01 outubro 2011

Delegada analisará imagens de PM sendo assediada 31 horas antes de sumir em Passo Fundo

Familiares da soldado espalharam cartazes em ônibus e 
mantêm a recompensa por informações
Foto:Fernanda Pimentel / Especial
A delegada Daniela de Oliveira Mineto vai analisar as imagens registradas pelas câmeras de segurança de uma boate em Passo Fundo 31 horas antes do sumiço da policial militar Luane Chaves Lemes. Os registros mostram um desentendimento da soldado com um jovem em meio a uma festa.
Segundo uma amiga que estava com a soldado na Millenium Club, local da gravação, o homem que aparece nas imagens é Peterson Bairos Annes, 25 anos, ex-namorado da policial. Informada da existência das imagens, divulgadas com exclusividade nesta sexta-feira pela RBS TV, a delegada confirmou que o rapaz revelou à polícia, em depoimento, ter se desentendido com Luane naquela noite na casa noturna, mas não entrou em detalhes.
Após saber pela imprensa que Luane teria ido a Millenium Club na madrugada de sábado para domingo, o proprietário da boate tomou a iniciativa de verificar as câmeras de segurança. Às 3h41min de domingo, uma delas registra a policial e uma amiga entrando na casa noturna. Vinte minutos depois, porém, elas decidem sair da festa. Próximo ao caixa, uma câmera mostra um homem tentando abraçar e beijar Luane na fila para o pagamento. A soldado se esquiva mais de uma vez até pagar a conta e caminhar em direção à saída. Ao tentar perseguir Luane, o homem é contido por um segurança, mas sai logo em seguida após uma breve conversa.
A amiga que estava com Luane na festa, Kelly Thimoteo, 24 anos, afirma que ambas foram surpreendidas na boate por Peterson. O jovem teria tentado abraçar e beijar a soldado sem o consentimento de Luane, que, segundo Kelly, quis ir embora imediatamente.
Ela afirma que o ex-namorado teria perseguido Luane até a fila do caixa e insistido várias vezes para que ela ficasse. Mesmo sem ver o vídeo, a amiga diz ter certeza de que o homem que importunou a policial na fila do caixa era Peterson, pois esteve próxima de Luane durante todo o tempo em que permaneceram na boate. Conforme Kelly, ambas pegaram um táxi. No caminho para casa, a amiga teria dito que a soldado estava assustada e reclamou da postura do ex-namorado.
Peterson não foi localizado ontem por ZH para comentar o episódio. A delegada Daniela afirma já ter requisitado uma cópia do vídeo, mas adianta que isso não altera o rumo das investigações. A delegada, no entanto, informou que estuda ouvi-lo novamente.
Para o advogado Jabs Paim Bandeira, que representa a família de Luane, o vídeo indica uma reviravolta no caso. Ele diz que pedirá à polícia uma análise minuciosa das imagens e também requisitará que a amiga de Luane seja ouvida pela investigação.
Ontem à tarde, o advogado encaminhou à Justiça Militar um pedido para suspender até o fim do inquérito policial o processo de deserção instaurado pela BM. Enquanto isso, o Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) do Planalto mapeou os locais onde Luane já foi procurada para realizar novas diligências.
Devido ao cansaço e à falta de resultado, familiares e amigos pausaram por algumas horas as buscas pela soldado. À espera de avanços na investigação, a família espalhou mais cartazes em ônibus e mantém a recompensa de R$ 5 mil e uma moto para quem descobrir o paradeiro dela.