28 dezembro 2011

Estiagem deve provocar perda de cerca de R$ 2,5 bilhões na economia gaúcha

Em propriedade de Cruz Alta, o milharal, onde no início
do mês o verde predominava, já está seco e amarelado
Foto: Roberto Witter / Agencia RBS
Cerca de R$ 2,5 bilhões devem deixar de circular na economia gaúcha em 2012 em razão da estiagem prolongada. 
Estimado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro) com base nas perdas das lavouras de milho, o prejuízo tende a provocar reação em série que afetará indústria, comércio e municípios.
— O impacto será forte se a quebra se confirmar, mas é preciso esperar até janeiro. Então, pode melhorar ou piorar — observa Tarcísio Minetto, economista da Fecoagro.
Em Bagé, na Campanha, já há produtores desistindo de comprar máquinas e implementos agrícolas. Um deles é Élio Coradini Filho, que planejava adquirir três novas plantadeiras, mas adiou o investimento de R$ 280 mil. 
Diante da estiagem, as vendas já caíram 60% em uma loja especializada em máquinas de Bagé. O gerente Darci Sberse afirma que as boas perspectivas da safra de arroz o fizeram acreditar que negociaria 18 plantadeiras. Até ontem, havia vendido apenas 10 unidades.
Apesar da chuva que caiu nos últimos dias, a situação é delicada no campo. Na região de Passo Fundo, segundo a Emater, há municípios com quebra de até 90% no milho. O problema tem se espalhado com rapidez na Metade Norte e já levou 25 municípios a notificar a Defesa Civil.
Produtor perde 70% de 15 hectares de milho
O cultivo do fumo também preocupa. Só em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, onde não chove forte há pelo menos 90 dias, as perdas estimadas chegam a R$ 42 milhões. Em Bagé, a perspectiva de redução de 41% da área plantada de arroz retém investimentos.
Há 21 dias, Alberto Durigon, 46 anos, evitava estimar prejuízos na lavoura de milho. O produtor de Cruz Alta apenas lamentava a falta de chuva na fase mais delicada – a de florescimento e enchimento de grãos. 
Agora, a realidade é outra. O mesmo milharal onde antes o verde predominava está completamente seco e amarelado. Em 150 hectares, as perdas se aproximam de 70%, o que significa prejuízo superior a R$ 90 mil.