19 outubro 2012

Após as eleições, prefeituras demitem funcionários no RS

Em Parobé, até o setor de combate a dengue foi extinto
Passado o período de eleições, é tempo de demissões em várias prefeituras do Rio Grande do Sul. Além de questões políticas, a queda na arrecadação municipal é apontada como a causa principal dos cortes. Em alguns municípios, a falta de funcionários tem deixado moradores sem serviços básicos como atendimentos de saúde.

Depois de sete anos trabalhando na prefeitura de Parobé, no Vale do Paranhana, Luiz da Silva e outros cinco funcionários da Vigilância Sanitária da cidade foram demitidos após as eleições. O setor de combate à dengue, onde eles trabalhavam, foi extinto.

“A gente já encontrou foco de dengue aqui em Parobé. E agora, que está entrando o verão, isso aí vai aumentar mais”, lamentou Luiz.

Foram 100 os cargos de confiança cortados desde o último dia 8, segundo a prefeitura da cidade. Entre os demitidos, estão 11 médicos especialistas que atendiam nos postos de saúde do município. A prefeitura diz que a população não ficará desassistida até o final do ano. Mas nesta quinta-feira (18) muitos pacientes foram embora sem ser atendidos.

“Eu vim procurar atendimento aqui e não tem. Disseram que não tinha mais ficha, que era pra eu voltar amanhã de manhã”, relata o operador de injetor, Rogério Roberto da Silva.

O autônomo Luciano Klement também não foi atendido ao procurar a Secretaria de Obras para resolver um problema de esgoto na frente de casa.

“Agora, passadas às eleições, a gente liga lá para a Secretaria de Obras e passam para um e depois passam para outro. Cheguei hoje lá e estava tudo fechado. O guarda falou para mim que ninguém estava trabalhando lá”, contou Luciano.

De acordo com a procuradora Jurídica do munícipio, a queda na arrecadação é um dos motivos das demissões. O outro seria político.

“Quando a gente tem uma continuidade na administração, (o prefeito) consegue fazer um sucessor, essas medidas geralmente não são feitas, em função de que vai ter continuidade”, explica Cynthia Moreira.

A queda na arrecadação também é a justificativa da prefeitura de Mariana Pimentel, na Região Metropolitana, onde 85 pessoas foram demitidas depois das eleições.

“Falaram que eu estava demitida por corte de gastos. Que a prefeitura não tinha mais dinheiro em caixa. Só que demitiram a gente e não deram data para pagar”, relata uma ex-funcionária, que prefere não se identificar.

O prefeito da cidade, Joel Ghisio, diz que o Executivo vai cumprir os compromissos.

“O que tem que pagar o município vai honrar até 31 de dezembro, como manda a Lei de Responsabilidade Fiscal”, garante.

Em São Leopoldo, no Vale do Sinos, outros 170 funcionários em cargos de confiança foram cortados.
O presidente da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Ary Vanazzi, considera as demissões normais.

“É evidente que, em função da crise econômica que vive o país e o estado, em função da estiagem que tivemos aqui e da manutenção da isenção fiscal do IPI sobre a produção de carros e sobre a linha branca, tem trazido uma redução de 7% no orçamento das prefeituras municipais em todo o estado do Rio Grande do Sul e no Brasil”, argumenta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário