Cristina ao lado dos irmãos Mateus (direita) e Guilherme (esquerda) (Foto: Arquivo Pessoal) |
Quatro meses após a tragédia que matou 242 pessoas em Santa Maria, quatro jovens ainda lutam para se recuperar dos ferimentos do incêndio. Cristina Peiter, continua internada no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre. Els sofreu queimaduras graves e desenvolveu problemas respiratórios.
Com previsão de alta para esta semana, Cristina, 24 anos, teve 22% do corpo queimado, entre braços, ombros e costas. “Estou bem. Com um pouco de medo, insegura, mas tranquila”, contou em entrevista a Rádio Colonial por telefone. No período em que ficou internada, os primeiros 18 dias foram em coma induzido.
No último semestre do curso, a estudante do curso de Engenharia Florestal pela UFSM fazia o trabalho de conclusão de curso e agora conta com o auxílio de uma amiga e de professores para escrevê-lo. Antes da tragédia, a previsão era de se formar no fim do agosto.
Já fiz toda a pesquisa, só falta escrever. Muitas pessoas se ofereceram para ajudar, me surpreendeu como as pessoas estão sendo solidárias. Quero me formar neste semestre”, revelou. O pai, Astor Peiter, é proprietário de uma empresa de engenharia florestal em Casca. Assim que a filha se sentir melhor, vai providenciar um estágio para ela.
Cristina nasceu em Três de Maio, mas a família mudou-se para Casca quando ela tinha um ano e meio de vida: “Adoro a cidade de Três de Maio. Sempre comentei que quero voltar a morar aí”, disse emocionada ao repórter Alexandre de Souza.
No dia da tragédia, Cristina foi para a festa na Kiss de última hora. Ela estudava na cidade e dividia apartamento com o irmão. Já na casa noturna, encontraram um grupo de amigos. Um deles morreu durante o tumulto. “Vi a saída, mas não consegui chegar. Desmaiei lá dentro. Lembro que acordei fora e comecei a gritar, estava desesperada de dor. Me colocaram em um carro, acho que era da Brigada Militar, e me levaram para o hospital. Fui desacordada", recorda.
Quando a jovem acordou, já estava no hospital. "Estava uma confusão, ninguém sabia o que fazer. Pedi para uma pessoa ajudar a pegar meu celular e liguei para o meu irmão. Quando ele chegou, conseguiu ajuda para mim. Depois disso, só acordei na CTI de Porto Alegre”, lembra.
Desde então, familiares e amigos em Três de Maio, Casca, Santa Maria e até pessoas estranhas de várias partes do Brasil, sensibilizadas pela tragédia, formaram uma verdadeira corrente de oração pela recuperação da Cristina. Terços foram rezados todos os dias e por muitas pessoas. Algo comovente.
Se a previsão dos médicos se confirmar, Cristina e a família deixam o hospital em Porto Alegre e voltam para casa nos próximos dias. Os dias prometem ser mais leves para a família Peiter.