Mainardi propõe alteração na cadeia produtiva (Foto: Gustavo Gargioni/Divulgação Palácio Piratini) |
O secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul (Seapa), Luiz Fernando Mainardi, disse que o governo gaúcho deve propor um novo modelo de produção do leite no estado, eliminando os intermediários na cadeia produtiva. A medida evitaria adulterações no produto como a revelada na quarta-feira (8) pelo Ministério Público.
Segundo as investigações da operação Leite Compensado, empresas responsáveis pelo transporte do leite cru adicionaram água e ureia – substância que contém formol, um elemento químico cancerígeno – para aumentar o volume do produto. Vários lotes de leite de quatro marcas foram considerados impróprios para o consumo.
“Nós temos que criar uma legislação que obrigue a indústria a fazer o transporte do leite, que seja de sua responsabilidade. Na nossa avaliação, o produtor só poderia emitir nota fiscal diretamente para a indústria e não mais para o intermediário. Assim elimina o intermediário, que é quem está fazendo a fraude”, disse o secretário Mainardi em entrevista ao G1.
De acordo com o titular da pasta, tanto o produtor rural quanto a indústria de laticínios têm responsabilidade sobre a qualidade do leite produzido no estado e com a saúde do consumidor final, o que não ocorre com os intermediários. Mainardi destacou ainda que o caso é exceção e que tanto a Seapa quanto as entidades que integram a Câmara Setorial do Leite fiscalizam e monitoram permanentemente a qualidade do produto.
Em nota, o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do estado (Sindilat/RS) disse que condena a adulteração do leite e que há meses acompanhava, em sigilo, as investigações do MP. Para o Sindilat, as indústrias foram “prejudicadas” pela fraude. O MP, no entanto, alega que as indústrias têm responsabilidade sobre o problema, pois seus processos de controle de qualidade não detectaram a alteração na matéria-pria.
A operação do MP resultou na prisão de oito pessoas suspeitas de envolvimento na adulteração, interdição de três postos de refrigeração e de um laticínio. Cinco transportadores que seriam os responsáveis pela fraude foram identificados e pelo menos 10 caminhões apreendidos. Até a noite de quarta-feira (8), dois suspeitos já haviam sido liberados e um seguia foragido. A suspeita é de que o esquema possa ter adulterado até 100 milhões de litros nos últimos 12 meses.
Segundo a Seapa, a empresa responsável pelo LatVida, localizada no município de Estrela, foi notificada na quarta-feira (8) que está proibida de produzir e comercializar todos os produtos derivados de leite. A produção de leite UHT integral, desnatado e semidesnatado já havia sido suspensa na indústria desde 1º de abril, quando a adulteração foi comprovada, mas a empresa manteve a produção mesmo após a suspensão, diz a secretaria. As marcas Mu-Mu, Italac e Líder também tiveram lotes de leite adulterados.