22 maio 2013

Transportador suspeito de adulterar leite é de Boa Vista do Buricá e não de Três de Maio

Promotores Dr. Pablo e Dr. Alcindo (Foto: Fabrício Dockhorn)
Na madrugada de hoje, promotores e fiscais do Ministério da Agricultura com apoio da Brigada Militar saiu do centro de Três de Maio rumo a Boa Vista do Buricá para cumprir mandado de busca e apreensão de documentos em uma empresa de transporte de leite.

Um dos caminhões usados na coleta de leite foi apreendido. Na sede da empresa, localizada na saída para Nova Candelária, foram encontradas notas fiscais da compra de uréia, mistura pronta colocar no leite in natura e a fórmula utilizada pelo fraudador anotada em um pedaço de papel. Para cada 9 litros de leite, eram adicionados um litro de água e 10 gramas de uréia. Conforme o Promotor de Defesa do Consumidor, Alcindo Luz Bastos Silva Filho, o esquema é semelhante ao encontrado em Horizontina e Ibirubá: os envolvidos misturavam água e ureia ao leite antes de levar o produto para as indústrias, para dar consistência ao líquido e lucrar mais na comercialização.
A receita usada na fraude (Foto: Fabrício Dockhorn)

As prisões iniciaram na noite de terça-feira, em Horizontina. Larri Lauri Jappe, vereador do PDT, empresário do setor de transporte de leite cru, foi preso por adulterar leite. Ele foi encaminhado ao presídio de Santa Rosa. Segundo Mauro Rockenbach, promotor de Justiça responsável pela operação, Jappe já vinha sendo investigado e foi preso porque estaria preparando uma fuga.

A FRAUDE 

As investigações do Ministério Público tiveram início em fevereiro deste ano e comprovaram que empresas gaúchas de transporte de leite adulteraram o leite cru entregue para a indústria. Uma das formas de adulteração identificadas é a da adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição. A adulteração consiste no crime de corrupção de produtos alimentícios, previsto no artigo 272 do Código Penal.
Agentes chegam ao Ministério Público com o material
apreendido (Foto: Paulo Marques)

A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia – produto que contém formol em sua composição – e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol, que mesmo depois dos processos de pasteurização, persiste no produto final. Com o aumento do volume do leite transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro.