Imagem: RBS TV/Reprodução |
Apontados como responsáveis pelo esquema de adulteração do leite descoberto pelo Ministério Público (MP) no Rio Grande do Sul, os transportadores autônomos, chamados de intermediários na cadeira produtiva, ofereciam preços acima do mercado para comprarem a matéria-prima, dizem produtores rurais.
Criador de gado leiteiro no interior de Santa Rosa, no Noroeste do estado, o produtor Cristiano Braun conta que já recebeu muitas propostas atrativas, mas não aceitou. “São propostas de R$ 0,20, R$ 0,30 a mais por litro de leite. Quando o leite esta 80 e poucos centavos, os caras vinham oferecer R$ 1,10”, conta o produtor.
De acordo com as investigações do MP, a fraude ocorria entre a compra do leite cru na propriedade rural e o transporte para os postos de resfriamento. No meio do caminho, o produto era levado para galpões, onde era misturado a água e ureia, uma substância que contém formol, elemento químico considerado cancerígeno.
A cada mil litros de leite cru, eram acrescentados 90 litros de água e um quilo de ureia. Com isso, o volume vendido aos postos de resfriamento aumentava em cerca de 10%, junto com o lucro dos transportadores. A estimativa dos promotores é de que pelo menos 100 milhões de litros de leite cru tenham sido adulterados.
O secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul (Seapa), Luiz Fernando Mainardi, disse que o governo gaúcho deve propor um novo modelo de produção do leite no estado, eliminando os intermediários na cadeia produtiva. A ideia é fazer as próprias empresas assumir a responsabilidade pelo transporte da propriedade rural até a indústria.
No total, sete marcas de leite tiveram lotes recolhidos do mercado. Até o momento, nove pessoas foram presas, uma empresa de laticínios foi interditada e três postos de refrigeração foram fechados no estado. Duas pessoas foram liberadas após depoimento. O promotor Mauro Rochenback estima que pelo menos 12 pessoas sejam denunciados por envolvimento no esquema de adulteração do leite.