09 maio 2013

Veneno ilegal pode estar sendo usado para matar cães em T. de Maio

A Polícia Civil investiga a matança cães em T.de Maio
A estricnina, substância tóxica de venda proibida, pode estar sendo usada para envenenar cachorros em Três de Maio. A venda do produto é feita clandestinamente, possivelmente, em alguma casa agropecuária. A suspeita de que o veneno ilegal estaria sendo adquirido no município  foi levantada pela maneira que os animaizinhos estão morrendo. Os cães não socorridos a tempo sofrem morte dolorosa, que começa com severas contrações musculares até o colapso do sistema cardiorrespiratório.

Conforme o delegado João Vitório Barbatto, nos últimos dias apenas três casos de mortes de cães foram registrados na delegacia, porém a Rádio Colonial tem recebido várias ligações de pessoas que tiveram seus animais envenadados na cidade. O problema é que a maioria delas não faz a ocorrência policial.

A estricnina é um alcalóide cristalino muito tóxico. Foi muito usado como pesticida, principalmente para matar ratos. Porém, devido à sua alta toxicidade, não só em ratos, mas em vários animais e tambem o homem, o seu uso é proibido em muitos países.

É praticamente insolúvel em água e pouco solúvel em solventes orgânicos. Estudos mostram que a DL50 oral em ratos varia entre 2,2 e 5,8 mg/kg em fêmeas e entre 6,4 e 14 mg/kg em machos. A DL50 cutânea é de mais de 2.000 mg/kg.

A fonte mais comum dessa substância é de sementes de árvores da espécie Nux vomica, nativa do Sri Lanka, Austrália e Índia. A estricnina é também uma das substâncias mais amargas que existem. Seu sabor é perceptível em concentrações da ordem de 1ppm. A estricnina se decompõe rapidamente no solo, sendo pouco provável que contamine água. Porém, pode ser inalada na forma de pó. Também existe o risco de um incêndio em locais onde haja compostos com estricnina gerar vapores venenosos. A absorção pela pele causa reações tóxicas.

Não existe evidência de que a exposição crônica a estricnina produza câncer, mutações, alterações reprodutivas ou anomalias no crescimento.

Porém, seus efeitos em curto prazo são graves. Pode haver convulsões iniciais violentas, mas frequentemente os primeiros sintomas são ansiedade, tremor, vômitos, febre alta e de difícil controle. Entre 10 e 20 minutos após a ingestão, os músculos do corpo começam a ter espasmos, iniciando com a cabeça e o pescoço. Os espasmos então se alastram para todos os músculos do corpo, com convulsões quase continuas, que pioram com o menor dos estímulos. A morte ocorre por asfixia causada pela paralisia do sistema de controle da respiração do sistema nervoso central, ou por exaustão devido as convulsões. Nesse momento, o corpo endurece imediatamente, mesmo no meio de uma convulsão, devido ao rigor mortis.

O tratamento inclui a aplicação de diazepam intravenoso, para controlar as convulsões, e o uso de carvão ativado. A substância é metabolizada no fígado e tem uma meia-vida de 10 horas em humanos. Portanto, se o paciente sobreviver por 24 horas após a ingestão, a recuperação é quase certa.

Pequenas doses de estricnina eram utilizadas como laxante ou para tratamento de outros problemas estomacais. Esse tipo de tratamento foi abandonado com o advento de alternativas mais seguras.