Tarso Genro governador Rio Grande do Sul protestos Porto Alegre (Foto: Bernardo Bortolotto/RBS TV) |
Em entrevista coletiva no fim da noite de segunda-feira (17), o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, defendeu a atuação da Brigada Militar durante os protestos em Porto Alegre e Novo Hamburgo. Ele disse que a orientação dada à polícia era de ser ponderada e que, se houve algum excesso, será apurado. Tarso di
sse ainda que apoia o movimento, mas pediu que os manifestantes parem com os atos de violência.
O confronto resultou em 41 prisões, de acordo com levantamento da Brigada Militar até as 3h da madrugada desta terça-feira (18). Sete dos detidos são menores de idade. Segundo a prefeitura, foram 56 contêineres depredados, sendo 23 incendiados apenas na Avenida João Pessoa, e sete feridos atendidos pelo Hospital de Pronto Socorro (HPS) da capital do Rio Grande do Sul. Manifestantes chegaram a colocar fogo em um ônibus e danificaram outros cinco.
"A orientação era evitar interferir nas pessoas, mas em determinado momento a Brigada Militar foi obrigada a agir. A informação que temos é que a depredação já estava ameaçando a integradidade física da pessoas. A BM fez essa barreira para garantir que a violência não se tornasse generalizada", declarou, como mostra o vídeo com parte da entrevista.
Segundo o governador, policiais sofreram agressões e não reagiram mesmo estando armados. De acordo com ele, não foi uma estratégia, mas uma ordem para respeitar o direito de manifestação livre das pessoas.
Tarso disse ainda que este é um momento favorável para a democracia do país e pediu que a juventude que vai às ruas coloque claramente sua vontade.
“As manifestações importantes que ocorrem em diferentes cidades são importantes. Deve haver embasamento das representações democráticas, temos que deixar os interlocutores falarem. Nós temos que continuar respeitando as manifestações e a juventude", defendeu.
Os manifestantes colocaram fogo em um ônibus da Carris na Avenida João Pessoa, próximo ao Parque da Redenção, segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), como mostram as imagens. Antes disso, eles já haviam jogado pedras e pedaços de pau em uma viatura da Brigada Militar.
"Nos fizeram descer, começaram a apedrejar e tocaram fogo. Mandaram todo mundo descer, eu, o cobrador e os passageiros. Ninguém se machucou", disse o motorista do ônibus da Linha Carris em entrevista a Rádio Gaúcha. Após o incidente, a empresa decidiu retirar toda a frota de circulação da capital.
O protesto, que teve mais de um idioma, reuniu cerca de dez mil manifestantes no início da noite no centro de Porto Alegre. Eles partiram da prefeitura em caminhada criticando o preço dos transportes, os gastos com a Copa do Mundo e o custo de vida no país. A passeata seguiu pacífica, até que integrantes do movimento fizeram estragos em contêineres, lojas e até sede de partido. Grupos contrários à violência respondiam com vaias.
Contêiner de lixo é queimado na Loureiro da Silva (Foto: Fábio Almeida/RBS TV) |
A Brigada Militar agiu depois de o vandalismo iniciar. O confronto começou na Avenida Ipiranga, onde o Batalhão de Operações Especiais fez um cordão de isolamento próximo à esquina com a Avenida Erico Verissimo e usou bombas de gás lacrimogênio para conter manifestantes. Cavalos foram usados para dispersar a confusão.
O protesto da última quinta-feira (13) em Porto Alegre reuniu cerca de 2 mil manifestantes. Prédios no centro da cidade foram danificados. Os protestos na capital gaúcha começaram em março, depois que a prefeitura anunciou um aumento no preço das passagens, de R$ 2,85 para R$ 3,05. Uma liminar suspendeu o reajuste, mas as empresas de transporte brigam na justiça pelo aumento. Já os manifestantes querem garantir que o preço das passagens não volte a subir.