03 junho 2013

Em casa, sobrevivente do incêndio na boate Kiss sonha com a formatura

Jovem foi recebia com festa em Casca (Foto: Jair Pedroso
da Silveira Filho / Especial)
O sorriso largo e acolhedor é o cartão de visitas de Cristina Peiter, 24 anos. Mesmo com dores no corpo, a sobrevivente do incêndio na boate Kiss não dispensa a marca registrada, que ganhou ainda mais brilho quando ela pisou pela primeira vez em casa, depois de quatro meses no hospital.

A jovem voltou à residência dos pais em Casca, no norte do Estado, na última quarta-feira. Com 22% do corpo queimado, ela passou 25 dias internada na CTI e mais de três meses em um quatro do Hospital de Clínicas, na Capital. Quando recebeu oficialmente a notícia da alta, por volta das 10h30min, foi tomada pela alegria.

— Quando eu saí da CTI, perguntei para uma médica quanto tempo eu iria ficar no quarto e ela disse que seria um mês. Acabei ficando bem mais — lembra a estudante de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Embora a recuperação tenha sido mais lenta do que o esperado, Cristina conta que nunca desanimou. Rezava muito e tinha diariamente o apoio dos pais, Astor e Nilva, que passaram a morar na casa de amigos em Porto Alegre para acompanhar a filha. No período de internação, a jovem conta que sofria muito com os procedimentos de limpeza das queimaduras e dos diversos enxertos de pele que teve de fazer. Usava a força da família e dos amigos para superar a dor.

Os irmãos Mateus e Guilherme, de 20 e 17 anos, eram os responsáveis por atualizar Cristina com as mensagens de apoio que ela recebia pelas redes sociais. O volume de postagens surpreendeu a garota. Ela conta que chegou a receber recados de pessoas que nem conhecia, de vários estados brasileiros. Também era comum os irmãos selecionarem fotos das homenagens feitas pelos amigos de Casca para mostrar à jovem no hospital.

Mesmo à distância, Cristina acompanhava tudo o que os conterrâneos faziam por ela, de rezas no CTG Laço da Amizade _ que ela costumava frequentar _ às faixas exibidas nos eventos públicos. Uma das homenagens, a caminhada dos 11 quilômetros que ligam Casca a São Domingos do Sul, em janeiro, reuniu 200 pessoas.

— Isso me ajudou a nunca pensar no pior, a manter esperança na recuperação.

Quando chegou à cidade, não esperava uma festa de recepção tão grande. Parentes, amigos e até desconhecidos foram à frente do prédio onde a família mora para receber a jovem, com cartazes de boas-vindas e balões.

— Voltar já era maravilhoso. Fiquei ainda mais emocionada quando vi toda aquela gente. Foi quando entrou no apartamento, no entanto, que teve a maior alegria do retorno: rever os três cachorros que cuidava em Santa Maria, onde morava com o irmão Mateus, também estudante da UFSM. Segundo Cristina, que é conhecida entre os amigos pela paixão por animais, era deles que ela sentiu mais falta enquanto esteve no hospital.