Estimativas apontam que entre 100 e 200 mil pessoas morram todos os anos em decorrência direta do uso do cigarro |
O dia 29 de agosto foi escolhido como o Dia Nacional de Combate ao Fumo, quando são desenvolvidas campanhas alertando às pessoas dos males que o cigarro causa. Para o médico pneumologista do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Três de Maio, Dr. Jean Carlo Stumpf Zanette, esta é uma data de conscientização muito importante em decorrência de o fumo ser a causa mais comum em todo o mundo de doenças que poderiam ser prevenidas. “O cigarro mata muita gente. No Brasil, estimamos que aproximadamente 130 mil mortes ao ano tenham relação direta com o fumo, o que representa 13% do total de óbitos do país. É um fator de risco para várias doenças, como as cardiológicas, as de artérias e os cânceres de vários tipos. O tabaco pode causar danos por todos os lugares por onde passa, desde a boca, onde é ingerido, passando pelos pulmões, onde é absorvido, até a bexiga”, explica.
Segundo Zanette, a fumaça do cigarro contém milhares de substâncias, algumas extremamente cancerígenas e concentradas principalmente no alcatrão que, inalado, produz uma série de substâncias tóxicas que são rapidamente absorvidas pelo corpo do fumante. A preocupação, segundo o médico, é pelo grande número de jovens que fazem uso do cigarro. “Vemos pacientes acima de 30 e 40 anos em uma leve diminuição na tendência de fumar. Mas o preocupante é que encontramos muitos jovens fumando. O Rio Grande do Sul é o Estado que tem a maior prevalência de fumo. Porto Alegre, por exemplo, é a capital em que mais se fuma no Brasil. Como as doenças associadas ao tabagismo demoram de 20 a 30 anos para se manifestarem, atualmente estamos atendendo pessoas fumantes na década 80 e 90, em que era moda fumar”, lamenta o médico.
Os riscos a longo prazo
Se em outras épocas o fumo predominava entre os homens, atualmente o número de mulheres fumantes praticamente se igualou. “O risco de câncer de pulmão é comum aos dois. As doenças mais prevalentes são as cardiovasculares, mas o grande risco relacionando é o câncer de pulmão, a bronquite crônica e o enfisema, todos diretamente relacionados ao ato de fumar”, explica o médico do HSVP.
Zanette reforça que mesmo para as pessoas que conseguem largar o tabagismo, há um longo caminho até a recuperação dos órgãos afetados. “Com 10 anos sem cigarro, o risco de doenças pulmonares ainda é três vezes maior do que um não fumante. Mas, mesmo assim, é muito menor do que o de uma pessoa que fuma continuamente, pois esta tem 20 vezes mais chance de ter câncer de pulmão do que pessoas que não fumam. Quanto às doenças cardiovasculares, o tempo mínimo sem cigarro é de 10 anos para que ocorra uma diminuição significativa no risco”, complementa.
Os tratamentos
Para o pneumologista, o que é cientificamente comprovado contra o tabagismo são tratamentos baseados em reposição de nicotina, como adesivos e chicletes, além de algumas medicações que já se mostraram eficazes. “Os outros produtos e as crenças populares às vezes ajudam, mas mais por um apelo psicológico, quando a pessoa se compromete a parar de fumar. O importante é que o fumante sempre procure o acompanhamento médico, pois uma pessoa que fuma por bastante tempo já pode ter doenças relacionadas ao cigarro. É fundamental uma avaliação da parte cardiológica e pulmonar antes de se iniciar o uso da medicação”, ressalta.
“A primeira coisa que o fumante tem que se conscientizar é que a melhor coisa que ele pode fazer pela saúde dele é parar de fumar. Qualquer outra coisa, como dietas ou exercícios, são insignificantemente menores do que largar o cigarro. A cada 10 anos que a pessoa fuma, ela perde em média um ano de vida ou até mais, dependendo de cada caso. Para viver e chegar à velhice com qualidade de vida, é imprescindível se afastar do cigarro”, conclui o Dr. Zanette.