08 outubro 2013

Empresária acredita que ainda é possível evitar construção de barragens no rio Uruguai

Foto: Vilson Winkler
Nascida em Porto Mauá, Loni Elisa Dei Ricardi teria motivos para defender a construção das hidrelétricas no rio Uruguai. Ela possui uma agência de turismo na cidade e poderia sonhar com um aumento de turistas com as barragens. Porém, prefere distribuir fôlderes e informativos contra o complexo hidrelétrico Garabi-Panambi. “Minha preocupação é com a natureza, com o povo de Porto Mauá e a nossa história”, ressalta a moradora.

Os Estudos de Impacto Ambiental e Viabilidade Técnica do complexo hidrelétrico Garabi-Panambi estão sendo realizados pela Eletrobrás juntamente com a empresa argentina Ebisa. Mas indignadas com a maneira que o processo de construção das hidrelétricas vem sendo conduzido pelo consórcio bi-nacional as famílias exigem a imediata paralisação dos estudos. O Movimento dos Atingidos por Barragens denuncia que as famílias que vão ser atingidas pelas obras estão sofrendo pressão psicológica para abandonar suas propriedades com a falta de informações oficiais concretas sobre a construção das hidrelétricas. O MAB estima que até 90 mil hectares de terra fértil vão ser alagados e cerca de 13 mil pessoas afetadas.

Loni Dei Ricardi afirma que a comunidade tem de estar mobilizada para garantir seus direitos. Defende ainda que os governos do Brasil e Argentina consultem a população porque existe uma diferença muito grande entre colocar a propriedade a venda e ser expulso dela.

Loni entende que não se pode expulsar as pessoas de suas moradias e terras pelo “chamado desenvolvimento”. Ela destaca que a construção da barragem Panambi deverá trazer também impactos ao comércio, ao clima e à saúde da população local. “Tem moradores que já sofrem com depressão, pois não sabem o que será do futuro de suas residências”, conta a empresária.

Uma representação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) atua no município de Porto Mauá buscando conscientizar a população sobre as consequências da construção das barragens. Eles temem que grandes festas regionais como a de Nossa Senhora dos Navegantes, o Festival do Cascudo e a Expomauá sejam descaracterizadas com um novo cenário construído após a instalação da hidrelétrica Panambi, no rio Uruguai. Na avaliação deles, os balneários que abrigam centenas de turistas no verão e a Trilha Ecológica de Três Bocas — que existe desde 1998 e já foi premiada em nível nacional como projeto turístico — correriam risco de desaparecer.

O Movimento dos Atingidos por Barragens em Porto Mauá questiona a legislação, pois, de acordo com o movimento, a mesma lei que proíbe a pesca dos habitantes do local, a plantação de lavouras e a construção de residências em área de preservação permanente permite a destruição destas áreas e a morte de dezenas de espécies de animais e plantas com um único projeto.