14 novembro 2013

Após mais de 18 horas, termina a exumação do corpo de Jango no RS

Restos mortais de Jango são carregados por policiais
militares (Foto: Márcio Luiz/G1)
Após mais de 18 horas de trabalho, a exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart foi concluída por volta das 2h desta quinta-feira (14) em São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. O trabalho teve início pouco antes das 8h da manhã anterior no mausoléu da família de Jango no cemitério Jardim da Paz.

Com honras militares e coberto por bandeiras do Brasil e de São Borja, a urna com os restos mortais do ex-presidente foi colocada em um caminhão da Defesa Civil gaúcha por volta das 2h30. Às 6h, o corpo deve ser transportado até Brasília em um avião da Força Aérea Brasileira. Na capital federal, uma perícia tentará apurar qual foi a causa da morte do ex-presidente no exílio na Argentina, em 1976.
Inicialmente, o corpo seria levado por via terrestre até Santa Maria, de onde um avião faria o traslado à capital federal. A demora na conclusão da exumação levou as autoridades e a polícia a alterarem novamente a programação, já que antes o plano era levar os restos mortais do ex-presidente até Santa Maria em outra aeronave.

Segundo a ministra Maria do Rosário, a solenidade em Brasília, onde os restos mortais de Jango serão recebidos com honras de chefe de Estado, está mantida para as 10h desta quinta-feira (14). A presidente Dilma Rousseff e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor de Mello e José Sarney participarão da cerimônia, informou o Palácio do Planalto. Fernando Henrique Cardoso não deverá comparecer, pois se recupera de uma diverticulite.

O objetivo do procedimento é esclarecer se Jango morreu de ataque cardíaco, como consta na documentação oficial, ou se foi assassinado por envenenamento. Nos últimos anos, surgiram evidências de que o ex-presidente pode ter sido mais uma vítima da Operação Condor, a aliança entre as ditaduras do Cone Sul para eliminar opositores dos regimed além das fronteiras nacionais.

Morte ocorreu em exílio na Argentina
Bandeira do Brasil foi colocada sobre o caixão de Jango
(Foto: Márcio Luiz/G1)
Deposto no golpe militar de 1964, Jango morreu em 6 de dezembro de 1976 em sua fazenda em Mercedes, na Argentina. Cardiopata, ele teria sofrido um infarto, mas uma autópsia nunca foi realizada. Na última década, novas evidências reforçaram a hipótese de que o ex-presidente teria sido envenenado por agentes ligados à repressão uruguaia e argentina, a mando do governo brasileiro.

A principal delas foi o depoimento dado pelo ex-espião uruguaio Mario Neira Barreiro ao filho de Jango, João Vicente Goulart, em 2006. Preso por crimes comuns, ele cumpria pena em uma penitenciária de Charqueadas, no Rio Grande do Sul, quando disse que espionava Jango e que teria participado de um complô para trocar os remédios do ex-presidente por uma substância mortal.

Em 2007, a família de Jango solicitou ao Ministério Público Federal (MPF) a reabertura das investigações. O pedido de exumação foi aceito em maio deste ano pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Tanto o governo federal quanto membros da família Goulart acreditam que há indícios de que o ex-presidente possa ter sido assassinado.