29 setembro 2009

Museu a céu aberto nas Missões ganha proteção

Um museu a céu aberto de vestígios do século 18 começou a tomar forma no centro histórico de Santo Ângelo, nas Missões. Desde o final da semana passada (24 e 25 de setembro), os resquícios do último dos Sete Povos da Missões ganham uma cobertura especial para garantir proteção e visibilidade das relíquias.
Desvendados a partir das escavações no entorno da Catedral Angelopolitana, em 2006, os vestígios da redução jesuítico-guarani Santo Ângelo Custódio estavam expostos ao tempo. Apenas tapumes e lonas pretas cobriam as janelas arqueológicas, como são chamadas as aberturas no solo. Nos últimos meses, lonas plásticas transparentes foram utilizadas para possibilitar que os visitantes pudessem ter uma ideia de como era o local há mais de 300 anos.
Agora, os pisos e fragmentos encontrados no sítio arqueológico vão ser cobertos com vidro temperado anti-impacto de 10 milímetros de espessura, uma forma de evitar danos em razão de vandalismo. Por enquanto, estão sendo instaladas as estruturas de alumínio que darão suporte ao vidro. Conforme o secretário de Obras do município, Jacques Barbosa, em 30 dias o trabalho estará finalizado.
Placas informativas sobre as descobertas já foram instaladas. A catedral está localizada no espaço onde foi erguida a igreja do povoado missioneiro, na Praça Pinheiro Machado. Do chão de seus arredores, surgiu com as escavações parte das fundações da torre da primeira igreja e da entrada do pátio, que dava acesso aos dormitórios dos padres e ao colégio jesuítico. Além do piso original de cerâmica do antigo templo. No total, são nove janelas arqueológicas.
Para a escolha do tipo de proteção, a arqueóloga Raquel Rech, do Núcleo de Arqueologia do Museu Dr. José Olavo Machado, inspirou-se em modelos semelhantes existentes no Brasil e no mundo, principalmente no centro histórico de Jerusalém.
–A proteção é utilizada na Itália, em Israel e há exemplos no Brasil, como em Florianópolis. O vidro anti-impacto é adotado em razão da alta resistência e até mesmo para evitar vandalismo – diz a arqueóloga.
- A criação do museu a céu aberto faz parte do projeto de remodelação da Praça Pinheiro Machado
- A obra começou em 2006, para marcar os 300 anos da fundação do povoado. Custou em torno de R$ 1,5 milhão.
- As calçadas danificadas foram substituídas por pisos semelhantes aos usados nas reduções.