12 março 2010

Terceirização do lixo a caminho

A decisão já foi tomada pelo Governo Municipal, com o processo de licitação já a caminho. Gilberto Dell Valle, secretário de Obras, pasta responsável pelo serviço, disse que o assunto gerou um forte debate interno desde o início da administração e justificou: “enfrentamos muitos problemas para garantir um trabalho de qualidade, começando pelo fato de termos assumido o governo com o lixão interditado por determinação judicial. Tivemos servidores que trabalhavam no recolhimento do lixo e que deixaram o setor, somando-se à posição da Justiça de não liberar mais os detentos que cuidavam do lixo seco. Isso levou-nos a reduzir o recolhimento de dois turnos para apenas um”. Dell Valle acentua a ausência do chamado lixão.
“Se continuarmos fazendo o recolhimento do lixo, teríamos dificuldades para garantir sua destinação final. Para levar todo o lixo para uma área fora do município, seria necessário um local para transbordo, caminhão apropriado, provavelmente uma carreta, além de máquinas para efetuar o carregamento”, explicou. Todos os problemas que giram em torno da problemática do lixo, “sinaliza claramente ser melhor terceirizarmos o serviço, incluindo a destinação final”.
CONTRATO EMERGENCIAL:
Como a Secretaria de Obras não vinha dando conta de todo o recolhimento do lixo, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente firmou contrato com uma empresa privada para recolher exclusivamente o lixo seco. A pasta de Dell Valle responde pela coleta do lixo orgânico.
Desde sexta-feira passada, 5, a empresa Urbana, de São Luiz Gonzaga, está recolhendo o lixo seco. Um novo roteiro de coleta está sendo divulgado na imprensa local, para orientar os populares.
LICITAÇÃO:
Luiz Girardon, secretário de Meio Ambiente, afirma que a Urbana prestará o serviço até que seja concluído todo o processo de licitação da terceirização da coleta do lixo e sua destinação final (lixão). “O processo de licitação já está a caminho e o edital deve ser publicado nas próximas horas”, afirmou.
Também avalia que a falta de um lixão constitui-se num grande problema, “missão que ficará a cargo da empresa vencedora, pois será prevista no edital”.
Girardon prevê que a terceirização deverá ir à prática dentro dos próximos três meses. Sobre os custos, projeta que as despesas serão semelhantes às que a Prefeitura banca atualmente, cerca de R$ 140 mil mensais. Santa Rosa produz aproximadamente 50 toneladas diárias de lixo.
CONTRÁRIOS:
Cláudio Franke, presidente do PMDB e que na década de 90 foi secretário de Planejamento do Governo Terra, quando foi terceirizada a coleta do lixo em Santa Rosa, lembrou que na época a falta de eficiência do serviço justificou a medida. “Quando Júlio Brum assumiu, perguntou-nos se não seria mais interessante para o município retomar o serviço. Afirmamos que sim, pois a eficiência era uma questão gerencial introduzida pela Intranscol, empresa que terceirizou”. Disse que seguiram o que fora implantado pela empresa e acentuou que tudo funcionou bem até o final do segundo mandato de Vicini. “Na minha opinião, o atual governo não soube gerenciar o serviço de recolhimento do lixo urbano”, se posicionou. Franke também não vê tantas dificuldades na destinação final do lixo: “o chamado lixão é comprovadamente inviável para uma única cidade. A solução deve ser construída através de consórcios regionais”.
Douglas Calixto, vereador do PP, mas que na época trabalhou fiscalizando a Intranscol e esteve junto na retomada da municipalização, tem a mesma posição de Franke. “É um problema gerencial”, reiterou. Alertou que, caso a terceirização ocorrer, “a fiscalização é fundamental, mas de forma persistente e sistemática, para garantir exificiência”.