Autor: José Rocher - O jornalista viajou a convite da Dow AgroScienses |
O milho PowerCore, que tem dois genes de tolerância a agrotóxicos e três de resistência a insetos, vai chegar ao mercado brasileiro antes do próximo plantio de verão para suceder o Herculex, versão transgênica do cereal mais vendida no país. A Dow AgroSciences, detentora das duas sementes, planeja o lançamento do PowerCore para abril. Até agora, o produtor brasileiro só conhece sementes transgênicas com até três genes embutidos.
A missão do novo milho é ambiciosa. “Vendemos mais de 1 milhão de sacas do Herculex ao ano. Queremos superar essa marca com o PowerCore e ampliar nossa participação no mercado”, disse Ramiro de La Cruz, novo presidente da Dow AgroSciences no Brasil.
O valor que os agricultores vão pagar pela nova tecnologia ainda não foi definido, mas deve equivaler a 50% da rentabilidade extra oferecida pela semente, disseram os executivos da Dow AgroSciences, divisão da americana Dow Chemical, durante visita ao campo experimental da empresa em Cravinhos, na região de Ribeirão Preto (SP). Nas primeiras comparações, o PowerCore tem rendido de 10% a 12% a mais que seus concorrentes, mencionou Antonio Cesar Santos, coordenador de projetos de Biotecnologia da Dow na América Latina.
Em campos experimentais, a diferença chega a 70%. Ao lado de canteiros de milho com as folhas totalmente perfuradas por insetos infiltrados de propósito, o PowerCore cresce sem arranhões. As pragas morrem poucas horas depois de começarem a atacar a planta, que produz proteínas capazes de destruir seu aparelho digestivo.
Os principais mercados importadores de commodities agrícolas, como China e Europa, liberaram a entrada do PowerCore, disse Rolando Alegria, diretor de Sementes, Biotecnologia e Óleos da Dow. “Só lançamos sementes aprovadas pelos países consumidores.” A tecnologia deve chegar às lavouras da Argentina também neste ano e aos Estados Unidos em 2013/14.
Além dos insetos que os outros milhos transgênicos combatem, como lagarta-do-cartucho, broca-da-cana, broca-do-colmo, lagarta-da-espiga, o novo milho produz proteína inseticida capaz de matar também a Spodoptera eridania (lagarta-das-folhas) e a Agrotis ipsilon (lagarta-rosca). Essas duas espécies atacam principalmente lavouras do Cerrado brasileiro.
Outra vantagem é que a área de refúgio pode ser reduzida de 10% para 5% da lavoura, disse Edimilson Linares, líder de Pesquisa e Desenvolvimento da Dow no Brasil. “Como a tecnologia tem mais força contra os insetos, a probabilidade de eles se tornarem resistentes é menor.” O refúgio é uma área de lavoura convencional que permite a reprodução de insetos sensíveis e, assim, retarda o aparecimento de gerações resistentes.
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